Capítulo 50- "Eu quero dar um tempo"

Confesso que fiquei sem reação pra atitude de Rafael, seria uma ameaça de que posso perder minha namorada? Não é possível. Terminei o que estava fazendo, antes dele chegar, peguei minha carteira, meu celular, a chave do meu carro, saí do quarto e desci as escadas apressado, nem reparei que minha mãe estava na sala com Miguel

Renata: Vais pra onde com tanta pressa, filho?- virei-me pra trás, ela riu e fez sinal pra que eu me sentasse no sofá- Chegue aqui, bora conversar um tiquinho, nos entendermos, né?- aproximei-me do sofá, sentei-me no mesmo, dei um beijo na bochecha de minha mãe e fiz carinho em Miguel, que estava sentado em seu colo

João: Ê pequeno, porque será que nem todo mundo consegue levar a vida com essa tua pureza, hein? Tudo seria tão mais fácil- suspirei

Renata: Porque nem todo mundo é mais criança, filho, somos adultos, temos que agir como adultos, esse tempo ainda vai chegar pra Miguel, tenho calma- assenti- Agora, me conte, ia pra onde com tanta pressa?

João: Ia na casa de Helena, acho que não estamos indo muito bem, pisei feio na bola com ela, tá complicado pra nós dois

Renata: Tem haver com a visita que tu recebeu de Rafael? Á tempos que ele não vinha aqui, até achei estranho- deu ombros

João: Tudo tá tendo haver com tudo, mainha, acho que nossos passados tiraram o dia pra nos assombrar, primeiro me aparece a Lorena e agora o Rafael

Renata: Quer dizer então que a explicação de teu sumiço é Lorena?- olhou-me desconfiada e eu contei tudo pra ela, inclusive, que Helena havia sentido o cheiro em minha roupa- Helena é como eu, atenta aos detalhes, filho, é obvio que ela ia te notar estranho, tu não consegues mentir, não sabes disfarçar

João: Pior que ela percebeu tudo mesmo, visse mainha? Cada detalhe, cada brecha que eu dei, nada passou despercebido

Renata: Quer um conselho de mãe?- assenti, quem é maluco de negar um conselho de dona Renata? Acho que ninguém- Deixe ela quietinha por hoje, foram muitas emoções pra um dia só, filho, vá descansar um pouquinho, amanhã vocês conversam e se acertam, não adianta tentar se resolver enquanto os dois tão de cabeça quente, porque não dá certo, acaba piorando ainda mais a situação

João: E o que é que eu faço agora?

Renata: Espere, filho, é o melhor que tu tens á fazer agora, esperar, respeitar o tempo de Helena, ela não quer ouvir explicações, esse é um direito dela- fez carinho em meu rosto- Dê tempo ao tempo, João, fique tranquilo que tudo vai se resolver- assenti novamente- Eu vou dar banho em Miguel agora, quer me ajudar? Assim tu distrai essa cabeça um pouquinho

João: Ê gordo, vais tomar banho agora é?- tirei Miguel do colo dela e ergui o pequeno em meus braços- Bora ficar cheiroso, bora?- ele riu, levantei do sofá, minha mãe fez o mesmo, subimos as escadas e fomos direto pro quartinho de Miguel, uma missão um pouquinho complicada, dar banho no treloso.

-P.O.V Helena-

Depois que Rafael e Deinha foram embora eu não recebi mais visitas, porém, meu whatsapp não parava um só segundo, milhares de mensagens de vários amigos e pessoas especiais, todos querendo saber se eu, realmente, estava bem, á todos eles minha resposta foi a mesma, “não passou de um susto”, até ousei á brincar, “vaso ruim não quebra”, todo mundo conhece esse ditado, né? Tô começando á me achar um vaso ruim, sério mesmo. Estava mudando os canais da televisão á procura de algo legal pra assistir quando meu pai entrou no meu quarto, nem bateu, que metido, gente

Helena: Saudades tu bater na porta- ele riu e sentou na pontinha da cama

Mauro: Eu já sou de casa, né filha? Tem precisão dessas coisas não- deu ombros- Vim saber se tu tá bem mesmo, não saiu desse quarto desde que chegou

Helena: Tô bem sim, painho, só aproveitei pra descansar mesmo, até as dores no corpo já passaram, graças á Deus. Cadê todo mundo dessa casa?

Mauro: Sua mãe e Carlinha estão na cozinha e a Letícia agora vive mais na casa do Rodolfo do quê aqui- eu ri- Cadê João? Pensei que ele ia grudar em tu hoje

Helena: Deve tá em casa, não sei- dei ombros- quis esse tempinho sozinha, só comigo mesma, foi bom

Mauro: Pensasse em muita coisa? Se quiser se abrir, tô aqui

Helena: Pensei em umas coisinhas que já joguei na caixola outra vez, painho, melhor deixar como tá mesmo

Mauro: Se tu pensas que é melhor assim quem sou eu pra julgar, né?- rimos- Vou deixar tu descansar mais um pouquinho- assenti- qualquer coisa dê um grito- levantou da cama, depositou um beijo em minha testa, joguei beijo pra ele e o mesmo saiu do quarto. Aproveitei o silencio e a falta de um programa interessante pra assistir, peguei meu celular, desbloqueei o mesmo, assisti alguns vídeos do snap, em seguida entrei no instagram, ao atualizar o feed, vi uma foto que João havia postado á algumas horas atrás, não resisti e curti a foto

joaocamposoficial Tarde de Miguel e muito amor 

@eduardaacampos Gordinho mais lindo desse mundo, como eu amo 

@lorena_murach Bem que dissestes que ele tá enorme, João! Que foto mais linda!

@ceciliaramos Quando uma foto é somente amor, que lindos! 

@marcelamolina Que saudade do gordo, João

@fcfamiliacampos Meus amores mais lindos, amei essa foto 

@leticiatavares Miguel de tia Lelê, coisa mais linda! 

Parei de ler os comentários e saí do instagram, que estranho a Lorena ter comentado uma foto de João, á tempos que não temos contato com ela, ou melhor dizendo, á tempos que eu não tenho contato com ela, né? Porque pelo comentário, tudo indica que ela e meu namorado andaram conversando recentemente. Deixei o celular de lado e resolvi tirar um cochilo, estava entediada, mas sem pique nenhum pra levantar da cama, estava quase conseguindo o meu objetivo quando quatro seres insuportáveis invadiram o meu quarto, vulgo, Augusta, Letícia, Pedro e Rodolfo

Helena: Posso ter a honra de saber o que vocês tão fazendo aqui, queridos?- eles riram e sentaram na minha cama, os quatro

Rodolfo: Viemos te chamar pra sair e não aceitamos não como resposta, até porque já reservamos o restaurante pra cinco pessoas

Guta: É isso mesmo, Rodolfo tem toda razão, portanto, levante dessa cama e vá se arrumar, ande logo

Helena: Vocês piraram foi? Quero ir pra lugar nenhum não, tô ótima aqui, de verdade

Pedro: Tens certeza que tu vais recusar um jantar no Camarada Camarão? Eu não posso acreditar- aí jogaram sujo comigo, é um dos meus restaurantes preferidos

Helena: Isso foi jogo sujo, visse? É um dos meus preferidos, não tem como recusar- os quatro gargalharam e eu revirei os olhos- Eu aceito ir jantar com vocês, mais com uma condição

Letícia: Até que tava bom demais pra ser verdade- dei ombros- Que condição?

Helena: Aumentar essa reserva de cinco pra sete pessoas, será que tem como?

Rodolfo: Sete pessoas? Acho que tem como sim, mais quem são essas pessoas?

Helena: Vou chamar o Rafinha e vocês chamem João, pode ser?- mordi o lábio inferior e olhei pra eles

Guta: Tu tem certeza disso?- assenti- Então, chame Rafinha que o Peu liga pro João, né amor?- Pedro assentiu

Helena: Agora, as presenças masculinas podem se retirar do meu quarto, preciso me arrumar- olhei pro Pedro e pro Rodolfo

Rodolfo: Só não demore muito, pelo amor de Deus, porque eu tô morrendo de fome- assenti, os dois beijaram suas respectivas namoradas, saíram do meu quarto e Pedro fechou a porta

Letícia: Você e João se acertaram?- perguntou enquanto me ajudava á levantar da cama, nós três caminhamos em direção ao banheiro

Helena: Tinha perfume de mulher na camisa de João, eu senti o cheiro- fui tirando minha blusa- não tem o que a gente se acertar, sabe? Só quero que ele seja honesto comigo, que seja sincero com relação ao sumiço de hoje

Guta: Chamou o Rafael só pra provocar, é isso mesmo?

Helena: Nem é essa minha intenção, Gutinha, eu e Rafael sempre nos demos muito bem, a gente se afastou demais, hoje ele veio aqui me ver e eu quero retribuir, não quero apagar da minha vida a pessoa que ele sempre representou pra mim e a importância que sempre teve

Guta: Tás certinha, visse? Não pode afastar teus amigos de tu, simplesmente, porque tás namorando- assenti. Tomei um banho com a ajuda das meninas, escovei os dentes, saímos do banheiro, entramos no meu closet e eu comecei á me arrumar, obvio que as duas deram palpite em tudo, né? Como sempre!

[...]

Uma hora depois, cá estamos nós, chegando no restaurante Camarada Camarão. Como nossa mesa já estava reservada, nós descemos do carro, entramos no restaurante, o Rodolfo falou o nome dele e um senhor no levou até a nossa mesa, o Rafael já estava sentado na mesma

Guta: Viesse voando foi, menino?- riu, ele levantou, cumprimentou á todos nós e nos acomodamos na mesa, inclusive, eu fiquei sentada entre o Rafael e o Rodolfo

Rafael: Vim voando nada, Gutinha, é que tava aqui perto quando a Helena mandou mensagem, aí vim direto pra cá- deu ombros

Rodolfo: Faz um tempinho que a gente não saía juntos, né? Na verdade, faz um tempão mesmo

Rafael: Verdade, visse? Já tás até namorando- apontou pra Letícia e ela riu- Muita felicidade e muito amor pra vocês!

Letícia: Obrigada, Rafael!- piscou pra ele- Gente, vamos pedir? Tô morrendo de fome!

Helena: Mal começou á namorar com o Rodolfo e já se contagiou com essa fome medonha, credo- o Rodolfo mostrou a língua pra mim, eu revirei os olhos

Pedro: Lelê, vamos esperar o João chegar logo, ele mandou mensagem que tá no caminho já, é bom que pede todo mundo junto- a Letícia assentiu. Realmente, João não demorou muito pra chegar, cumprimentou á todos nós, sentou-se, chamamos o garçom e fizemos nossos pedidos

Guta: Helena é tão forte, nem parece que deu um susto danado na gente hoje- joguei beijo pra ela

Rafael: Eu tava dizendo isso á ela hoje á tarde, visse Gutinha? Acho que vaso ruim não quebra- rimos

Helena: Já mandei tu me respeitar, menino, sou vaso ruim coisa nenhuma, só nasci pra incomodar mesmo- dei ombros e olhei pro João- Falando em incomodar, acho que bem que o João deveria contar pra gente onde ele tava hoje, né? Até ficar sabendo do meu pequeno “acidente”- fiz aspas com as mãos

João: Aqui não é hora e nem lugar pra isso, meu amor, depois a gente conversa

Helena: Pode contar, amor, afinal todo mundo que tá aqui se preocupou contigo, né gente?- todo mundo assentiu- Sumiu a manhã inteira, deveria tá num lugar muito interessante

Rafael: Não se rebaixa á isso, Helena, nós conversamos tanto sobre assunto hoje á tarde, tu me prometeu que ia sair por cima, que ia contornar a situação, só que não é assim que se faz- falou em meu ouvido e eu respirei fundo, ele tem toda razão, é preciso manter a calma e a postura

João: Eu tava em um lugar muito interessante sim, esquecendo um pouco dos problemas, só me esqueci do problema maior, tu não pode ficar um segundo sozinha que já consegue fazer bobagem, cai da cadeira e quase se arrebenta toda, será que eu preciso tá sempre te segurando?- explodiu comigo, no fundo, acho que era disso que eu precisava pra obter as respostas de todas as minhas duvidas, pra ter certeza do que eu preciso fazer. Todo mundo ficou me encarando e eu, finalmente, encarei o João, que já parecia arrependido do que havia falo, tarde demais, que pena

Helena: Brigada, João, por ter sido sincero comigo, pela primeira vez, desde que nos vimos depois do acidente, tu não sabe o quanto essas palavras e a tua sinceridade foram importantes pra mim- falei firme, pra quê chorar e me lamentar? Era a verdade, eu só preciso aceita-la e seguir adiante, a minha vida tem sido assim mesmo, levantar após cada rasteira que eu levar, essa foi mais uma. Força, Helena, levanta e reage!

Letícia: Vocês vão mesmo discutir a relação agora?

Helena: Nós vamos jantar, Lelê, viemos aqui pra isso e é o que vamos fazer, jantar- dei ombros. Bom, depois da “cena” que eu e João aprontamos, nós jantamos em completo silêncio, nos despedimos no restaurante mesmo e cada um foi pra sua respectiva casa. Eu cheguei em casa com a Letícia, fui direto pro meu quarto, entrei no banheiro, tomei um banho rápido, escovei os dentes, fui pro closet, vesti um pijama, voltei pro quarto, peguei meu celular e deitei-me na cama

Letícia: Você tá bem?- me encarou, eu assenti- Você tá calada, estranha, isso não é nada bom

Helena: Eu tô bem, Letícia, não precisa se preocupar comigo, de verdade, tô ótima!

Letícia: Tem certeza? Nunca vi você tão pensativa assim

Helena: É porque, talvez, eu nunca tivesse parado pra pensar tanto, agora, tudo tá se encaixando na minha cabeça, mais fica tranquila, eu tô bem, de verdade- ela assentiu, mesmo eu sabendo que, por ela, essa conversa duraria horas- Dorme com Deus que amanhã é um longo dia!- joguei beijo pra ela, ela fez o mesmo comigo e virou-se de costas. Peguei o celular, desbloqueei o mesmo e vi que a Letícia havia me marcado em uma foto

leticiatavares Pra sempre com você, minha irmã de alma!  @helena_monteiro

@helena_monteiro Ô minha irmãzinha, meu presente de Deus, pra sempre com você. Te amo! 

Saí do instagram, conectei o celular no carregador, fiz minha oração e não demorei muito pra dormir, afinal, amanhã será um longo dia.

Acordei cedinho, olhei pro lado, a Letícia continuava dormindo, levantei da cama com cuidado, tirei o celular do carregador, acendi a tela e vi que o relógio marcava sete da manhã, deixei-o de lado, fiz um coque no cabelo, calcei o chinelo, fui pro banheiro, fechei a porta, me despi, entrei no box, tomei um banho moderado, enrolei-me na toalha, saí do box, escovei os dentes, passei direto pro closet, vesti minhas peças intimas, uma calça jeans, uma camisa branca, calcei uma rasteira, penteei o cabelo, passei batom, perfume, peguei minha bolsa, voltei pro quarto, peguei o celular encima da mesinha saí do quarto e fui direto pra cozinha, a Carlinha já estava acordada

Helena: Bom dia, Carlinha- ri, a coitada levou um susto

Carla: Caiu da cama, criatura? Nem teus pais acordaram ainda

Helena: Pior que caí da cama sim, visse? Queria sair cedinho mesmo, antes de todo mundo

Carla: Que é que tu vai aprontar, hein menina? Já basta o susto de ontem, Helena, sossega o facho, pelo amor de Deus- gargalhei

Helena: Vou aprontar nada não, Carlinha, só tô indo votar logo- fiz sinal de jura com os dedos- quer ir comigo? Te dou carona!

Carla: Tu vai dirigindo? E a fisioterapeuta já liberou?

Helena: Meu carro é automático, Carlinha, dá pra ir numa boa, bora ou vai perder a carona?

Carla: Quer saber? Eu vou sim, o café da manhã vai ser na casa da tua sogra mesmo, a gente vota e vai direto pra lá- assenti. Fomos pra sala, peguei a chave do meu carro, a Carlinha escreveu um bilhete pros meus pais, fomos pra garagem, desativei o alarme, entramos no meu carro, colocamos nossos cintos, colamos uns adesivos de Aécio no peito e eu dei partida. Mais uma barreira vencida, consegui á dirigir com a prótese, agora, chega de depender dos outros pra isso. Primeiro Carlinha votou, depois foi minha vez e nós duas partimos pra casa de tia Renata, a mesma que veio nos recepcionar

Renata: Bom dia, minhas filhas!- rimos, ela abraçou nós duas e deu espaço pra gente passar- Mauro e Monise acabaram de chegar, falaram que vocês saíram cedinho de casa

Carla: Helena cismou que dava conta de dirigir, dona Renata e o pior é que deu mesmo- eu ri- Vou ver se Maria tá precisando de ajuda, visse? É muita gente pra servir- jogou beijo pra gente e foi pra cozinha

Helena: Tia, pode ficar á vontade, visse? Já sou de casa- ela se assentiu, depositou um beijo em minha bochecha, se afastou e eu fui ao encontro dos meninos- Bom dia, lindos!

Zé: Bom dia, Leninha- me abraçou- tava com saudade de tu!

Helena: Também tava, visse Zé? Faz um tempinho que a gente não se via, só ontem mesmo- rimos

Pedro: Tás bem?- me abraçou

Helena: Tô é ótima, Peu- ele riu- Cadê Gutinha?

Pedro: Deve tá chegando por aí, ela disse que ia votar antes de vir- deu ombros

Helena: Também já votei, visse? Foi tranquilo, peguei fila nenhuma!

Duda: Ei cunhada, chegou que eu nem te vi- veio ao meu encontro e nós duas nos abraçamos

Helena: Pois é, Dudinha, cheguei e vim direto falar com os meninos- ela riu- tás bem?

Duda: Tô sim e tu?

Helena: Tô bem também, apesar do susto de ontem, tô inteira- rimos- Cadê o gordinho?

Duda: Dormindo ainda, do jeito que é manhoso, não vai acordar nem tão cedo- fiz bico- Quer ir lá encima ver ele? Tá lá no quarto de João, sobe lá

Helena: Subo daqui á pouquinho, vou terminar de falar com o resto do pessoal- assentiu, joguei beijo pra ela e fui terminar de cumprimentar todo mundo que tava ali reunido, bons e velhos amigos. Depois que cumprimentei á todos, sentei-me no sofá da sala, onde não havia ninguém, peguei meu celular, desbloqueei o mesmo e postei uma foto que havia tirado mais cedo

helena_monteiro  Já fiz minha parte, já votei em Aécio 45! 

Não deu tempo ler os comentários porque logo as meninas, vulgo, Manu, Camilla, Letícia, Guta, Mamá e Larinha se juntaram á mim

Guta: Depois de ontem eu pensei que tu nem ia vir aqui

Helena: Pensei muito em fazer isso, visse? Mais não ia valer á pena, Gutinha, aqui estou- elas riram

Letícia: Eu ainda não vi ele, que estranho- deu ombros

Helena: Duda me disse que tá no quarto com o gordo- assentiram

Camilla: Estranho, né? Ele é sempre um dos primeiros á descer

Guta: Pior que é mesmo, visse Cami? Conhecendo meu cunhado como eu conheço, é estranho ele não tá ali no jardim, no meio dessa muvuca toda

Helena: Até ontem eu diria o mesmo, mas ontem cheguei á conclusão de que não conheço o João tão bem quanto pensava, portanto, nada sei- encolhi os ombros, a Carlinha me chamou, eu levantei e fui ao encontro dela- Fale, meu amor!

Carla: Leva isso aqui no quarto do teu namorado, por favor, que Maria tá toda enrolada aqui- entregou-me uma bandeja com uma bolsa de gelo, uma xícara de café, outra de chá, um copo de água e um comprimido

Helena: Isso tudo é pra João?- assentiu

Maria: Ele não dormiu essa noite, atacou enxaqueca de uma hora pra outra, tá lá trancado no quarto, sem conseguir escutar barulho de nada que já chora de dor- assenti- Tu faz esse favor pra mim, Leninha?

Helena: Faço sim, Maria, já tô indo lá levar- ela jogou beijo pra mim, eu saí da cozinha e passei pela sala

Manu: Pra quem é tudo isso?

Helena: João- fui subindo as escadas, parei em frente a porta do quarto dele, nem bati na porta, fui logo abrindo a mesma devagar, entrei no quarto, tava tudo escuro, o João tava deitado na cama abraçado com o Miguel que estava dormindo- João?- me aproximei da cama com a bandeja em minhas mãos- Maria pediu pra mim trazer essas coisas aqui pra tu- coloquei a bandeja na mesinha que fica ao lado da cama dele, peguei a bolsa de gelo e entreguei na mão do mesmo que imediatamente colocou-a sobre a cabeça- Vou ter que acender a luz ou abrir a janela pra tu poder tomar o chá, o café e o remédio, visse?

João: Vou tentar, porque tá doendo demais, parece que vai explodir

Helena: Fecha os olhos, que eu vou acender o abajur então- acendi o abajur e deu pra enxerga-lo melhor- pode abrir, a luz tá bem fraquinha- ele abriu os olhos- acho melhor tu tomar logo o café, ajuda á despertar- entreguei a xícara de café pra ele e sentei-me na pontinha da cama

João: Tô muito ruim, não vou conseguir sair desse quarto pra nada hoje- devolveu-me a xícara depois de tomar todo o café

Helena: O único problema é que você precisa conseguir, João, não pelo fato de que necessite cuidar de mim, eu sei me cuidar sozinha e acho que me viro até melhor sem você por perto, acontece que você precisa conseguir por si mesmo, tenho certeza que metade dessa enxaqueca é vergonha pelo que tu me falou ontem, porque nós dois sabemos que não é assim, a gente não dependia um do outro, a gente se completava, era só isso. Agora, tome o chá, o remédio, levante dessa cama, tome um banho e desça, sua família precisa de você também, hoje não é dia pra ficar, tu não pode se dar á esse luxo- entreguei a xícara de chá pra ele

João: Eu não aguento, Helena, tá doendo demais, quê que eu posso fazer?

Helena: Tu é quem precisa dizer o que pode fazer, João e não eu- dei ombros- Levanta e vai tomar um banho, tudo melhora depois de um banho- levantei da cama, ajudei-o á levantar e sentei-me novamente, ele foi se arrastando pro banheiro, eu levantei, abri as cortinas, entrei no closet dele, separei uma calça jeans, uma camiseta, uma cueca, peguei o tênis e levei tudo pro quarto, coloquei encima da cama. João saiu do banheiro, se vestiu, calçou o tênis e sentou-se na cama com as duas mãos na cabeça

João: O que eu preciso fazer pra tu me deixar voltar pra cama?- encarou-me, eu estava em pé, na frente dele- Assumir que eu sou mais fraco que você?

Helena: Não precisa fazer nada, tu não vai voltar pra cama, pelo menos, não agora, João, levante logo e vamos descer, anda!- segurei na mão dele e ajudei-o á levantar da cama- Tem que pediu alguém pra vir ficar com o gordo, é perigoso ele cair daqui

João: A gente pede Zé pra vir ficar de olho nele- assenti- Segura na minha mão pra gente descer- estendeu a mão pra mim

Helena: Nada de dependência, João, desça sozinho, eu vou ficar aqui com Miguel

João: Meu amor, por favor, desce comigo

Helena: Vou levar o gordo então- peguei Miguel em meu colo, mesmo o pequeno ainda dormindo, saímos do quarto de João e descemos as escadas

Guta: João, tás bem?- perguntou assim que avistou nós três

João: Tô nada, Gutinha, aquela enxaqueca das bravas me pegou logo hoje, minha cabeça tá latejando- Guta fez careta- Bom dia, meninas- elas riram fraco- Amor, bora ali fora comigo? Falar com mainha- olhou-me

Helena: Vai lá, vou ficar aqui com Miguel, não quero acordar o pequeno agora- voltei meus olhares pro gordinho, João foi pro jardim e eu sentei no sofá

Camilla: Pelo visto não se acertaram, né?

Helena: Ele quer agir como se nada tivesse acontecido, pra mim as coisas não funcionam assim, eu escutei ontem e ele vai precisar me ouvir também, é simples- dei ombros

Letícia: Tá mais que certa, Helena, tem que ser assim mesmo- rimos. Fiquei durante alguns minutos conversando com as meninas, o pequeno acordou, arrotou e me sujou inteira, entreguei ele pra Duda, subi as escadas, tomei banho no quarto dela, vesti uma roupa dela e desci, Deinha estava tirando algumas fotos, eu fiquei de longe, apenas, observando

João: Amor, vem tirar uma foto com a gente também- neguei

Renata: Vem, filha, tu, Guta e Tomás, venham

Duda: Tomás já foi votar, mainha- encolheu os ombros

Helena: Cadê Guta?

Manu: Foi ao banheiro, tira logo vocês e quando Guta chegar tiram outra- ri fraco, fiquei na frente do João e abracei o Zé, tiramos algumas fotos, quando Guta chegou tiramos outras e a Deinha liberou a gente. O pessoal foi, finalmente, tomar café da manhã, eu sentei no sofá, peguei meu celular e postei uma das fotos que Deinha havia me enviado

helena_monteiro Família de coração  @peedrocampos @eduardaacampos @joaocamposoficial @zcampos11  @aregobarros

Mais uma vez, não deu pra ler os comentários, porque o João sentou ao meu lado, bloqueei a tela do celular e encarei-o

João: Bora votar comigo?

Helena: Eu votei hoje cedinho, mais se tu quiser, posso ir contigo- dei ombros- Te levo lá, sem problemas

João: Vamos sim, quero votar e vir deitar, não tá dando pra ficar aqui fora, minha cabeça tá latejando de tanta dor- assenti. Peguei a chave do meu carro, minha bolsa e fui pro jardim, ao encontro de João, que já estava lá fora

Helena: Vamos?- ele assentiu- Até mais tarde, turminha!- dei tchau pra todo mundo

Deinha: Agora que eu cheguei pra tirar foto aqui? Fiquem só mais um pouquinho, pelo menos, uma foto- olhei pro João, ele concordou e nós tiramos a foto que ela pediu- Agora podem ir- rimos. Fomos em completo silêncio até a escola onde João vota, ele desceu do carro e eu optei por ficar esperando dentro do mesmo. João não demorou muito pra voltar e antes que eu pudesse dar partida no carro novamente ele segurou minha mão

João: A gente pode conversar só um pouquinho?- assenti- Tua frieza não tá me ajudando muito

Helena: Tu quer mesmo ter essa conversa aqui e agora?

João: Eu quero me resolver com tu, só isso

Helena: João, eu pensei em tudo que a gente viveu esses meses, principalmente nos últimos dias e cheguei á uma conclusão- respirei fundo, ele fez sinal pra que eu continuasse- desculpe se de alguma maneira eu fiz você se sentir responsável por mim, desculpe se eu te deixei “atarefado” demais querendo me proteger, desculpe se eu te passei essa impressão de fragilidade, de inutilidade, eu não sou assim e tenho certeza que no fundo tu sabes disso, né? Hoje, eu percebi que sou mais forte do que imagino e que consigo viver sem você, sem a tua pena, sem a tua preocupação, dá pra existir uma Helena sem João, eu existo sem você e consigo ser forte, consigo me virar e é por isso que eu quero dar um tempo, eu preciso me reestruturar, depois disso, quem sabe, tu me veja como mulher suficiente pra completar e não como alguém que só vai pesar negativamente na tua vida