terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Capítulo 3- Cuidando um do outro

-P.O.V João-
O cortejo com o corpo do meu pai foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, o que nos deu um certo conforto foi ver o carinho e a admiração que o povo pernambucano sente por ele, ver tanta gente pra se despedir dele, foi gratificante, é bom saber que meu pai foi muito amado, durante o percurso escutamos pessoas gritando “Eduardo guerreiro, do povo brasileiro”, Pedro, Duda e eu gritávamos juntamente com toda aquela multidão, era uma maneira de mostrar ao meu guerreiro que ele será inesquecível em nossas vidas e na vida de todos os pernambucanos, povo que ele tanto amava. Chegamos ao Palácio do Campo das Princesas, ajudei á descer o caixão do meu pai, recebi o abraço carinhoso de varias pessoas que estavam ali por ele, por nós, quando o tumulto diminuiu eu fui ajudar a Helena á descer do carro, só faltava ela pra descer
João: Guta, onde tu colocasse a cadeira de rodas da Helena? Já vou tirar ela do carro!- perguntei á Guta enquanto eu enxugava minhas lagrimas
Guta: Eu que trouxe, tá no carro dos meus pais, vou lá pegar pra tu!- assenti
João: Vou indo lá buscar a Helena, tá? Te espero no carro- ela assentiu, eu fui pro carro do Corpo de Bombeiros- Desculpa ter demorado, é que ali fora tá um tumulto- ri fraco, a Helena me olhou assustada, ela estava chorando
Helena: Nem sei se tô pronta pra descer daqui, não queria que ninguém olhasse pra mim com pena, João!- eu fiz carinho em seu rosto
João: Ninguém vai te olhar com pena, vão te olhar como a guerreira que você é e que vai dar um exemplo de superação pra todo mundo, pode ter certeza!- dei um beijo em seu rosto e enxuguei suas lagrimas
Helena: Que Deus esteja te escutando, porque eu vou precisar de tanta força, de tanto apoio, João, nem quero me imaginar acordando depois de amanhã, quando a realidade bater na porta!
João: Quando a realidade bater na porta você vai abrir ela com um sorriso nos lábios e encarar o que vier pela frente, sozinha você não estará, eu te garanto isso, viu baixinha?- dei uma bagunçada no cabelo dela que estava amarrado em um coque
Helena: Para de ficar me chamando de baixinha, João, eu não gosto!- fez bico, acho que minha tentativa de animá-la um pouco está funcionando
João: E eu vou te chamar de quê? Porque alta tu não é- ri, não consigo entender, mas desde que a Helena chegou eu tenho sentido uma paz tão grande, todo aquele medo que estava me sufocando foi embora, é como se meu pai estivesse falando que eu preciso ficar forte pela nossa família e por ela
Helena: Também, não precisa humilhar, né? Eu sei que não sou a pessoa mais alta do mundo!- deu um tapinha no meu ombro- João, eu quero uma blusa dessas, cadê a minha?- se referiu a blusa que eu estava vestido, era uma homenagem á meu pai, na blusa estava escrito “Não vamos desistir do Brasil”
João: Eu vou ver se consigo arranjar uma blusa pra tu, baixinha, isso se a Guta vier logo com a tua cadeira, né?
Guta: Já cheguei, já cheguei, é que pra chegar no estacionamento tá um tumulto horrível, tem muita gente aqui!- ela colocou a cadeira de rodas perto da porta do carro, eu peguei a Helena no colo e coloquei-a na cadeira
Helena: Nossa, vai ser complicado chegar ali, visse?- ela se referiu a área onde estavam os caixões
João: Eu acho que é melhor eu te levar no colo, lá eu te coloco na cadeira, vai ser quase impossível passar por essa multidão aí com você na cadeira!
Helena: João, chame meu pai, eu já te dei trabalho demais por hoje!
Helena: Não me deu trabalho nenhum, larga de bobagem, bora Guta?- Guta assentiu, fui passando pelo meio da multidão com a Helena em meu colo, ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço e eu pude sentir suas lagrimas me molhando, assim que nos aproximamos da área mais reservada pra nossa família a Guta colocou a cadeira perto do caixão onde estavam os pais da Helena, mainha e os meninos, eu coloquei a baixinha sentada na cadeira
Mauro: Deveria ter me chamado pra tirar ela, João!
Helena: Eu ainda falei, painho, mas João é teimoso!- eu ri fraco [...] Passamos a noite inteira ao pé do caixão, tio Mauro e tia Monise foram pra casa, mas a Helena se recusou á ir, disse que só sairia dali com o meu pai, estava assim como eu. Por volta das cinco da manhã eu tive uma crise de choro, não conseguia me acalmar, só chorava cada vez mais, acho que chegou aquela hora que a pessoa perde o controle da situação e não consegue mais manter a calma, as forças vão embora- João?- ela meio que me gritou, eu estava agarrado ao caixão do meu e me virei pra ela- Senta aqui um pouco, por favor!
Eduarda: Vai, João, senta um pouco ali perto da Helena, você precisa se acalmar!- me abraçou e me levou pra sentar ao lado da Helena, assim eu sentei ela segurou minha mão
Helena: Se acalma, eu tô do seu lado, sei que não posso fazer muito por você, mas não chora, por favor, tá?- começou a fazer carinho no meu braço, o local que ela alcançava, sem pensar eu deitei minha cabeça em suas pernas, ela começou á mexer no meu cabelo, era o cafuné que eu estava precisando, a paz que eu estava precisando- Fica bem, tá? Eu vou precisar muito de vocês e você disse que ia me ajudar!
João: Deixa eu ficar aqui quietinho, continua esse cafuné, por favor!- ela atendeu ao meu pedido e continuou com um dos melhores cafunés desse mundo, estava tão cansado que acho que apaguei no colo da Helena
-P.O.V  Helena-
Depois de uma crise de choro o João deitou no meu colo, eu comecei á lhe fazer carinhos e quando dei por mim ele estava dormindo com a cabeça apoiada nas minhas pernas
Pedro: Dormiu?- se aproximou de nós dois e eu assenti
Helena: Acho que vou chamar ele, melhor ele ir descansar lá dentro, aqui tá muito tumultuado e um calor da gota!- ri pelo nariz
Pedro: Mainha tá lá dentro amamentando Miguel, chame ele mesmo, desde quarta-feira que João não dorme!- fiz careta e passei a mão devagar pelo rosto do João
Helena: João?- ele abriu os olhos devagar- Vai descansar um pouco lá dentro, senão cê vai acordar cheio de dor nas costas depois!
João: Não, lá dentro, eu não quero sair daqui!- levantou do meu colo de vez, menino teimoso
Helena: Só um pouquinho, João, tu dormisse no meu colo, estás cansado demais, vamos? Eu fico lá contigo!
João: Eu não quero sair do lado do meu pai- ele voltou á chorar novamente, me deu uma pena tão grande, vontade de poder fazer alguma coisa pra acalmar ele
Eduarda: João, escuta a Helena, aproveita que mainha está lá dentro e vai descansar um pouco, você foi o único que não saiu daqui ainda vai, pelo menos, beber uma agua!
Helena: Vamos, João, se tu tiver disposto á empurrar minha cadeira eu vou contigo!
Pedro: Deixa de teimosia, João, vai com a Helena!- ele foi vencido pela insistência, levantou e empurrou minha cadeira até entrarmos na parte interna do Palácio
Helena: Quer comer alguma coisa? Nunca te vi comendo nada á horas!
João: Tô sem fome, só vou deitar um pouco e depois a gente volta pra lá, tá?
Helena: Na hora que você quiser voltar, eu volto, não vou sair do seu lado, tá bom? Agora, vamos procurar um quarto pra você descansar!- ele foi empurrando minha cadeira até entrarmos no quarto em que estavam Renata, Miguel, Zé e Cristina- Cabe mais alguém aí nessa cama?- ri fraco e apontei pro João
João: Cabe mais dois, né? Tu vais deitar também!
Renata: Cabe sim, meus amores, deitem aqui pra descansar um pouquinho, eu vou descer, porque Miguel e Zé dormiram um pouquinho!
Helena: E você, tia, já descansou também? Fica aqui com a gente um pouquinho!
João: Helena tem razão, mainha, descansa um pouco também, nem que sejam só cinco minutos!- tia Renata se deu por vencida e permaneceu deitada na cama, João me pegou no colo, me deitou na cama de casal ao lado do Zé e em seguida deitou ao meu lado, eu comecei á lhe fazer cafuné, novamente- Desse jeito, eu vou dormir, de novo!
Cristina: É bom dormir mesmo, faz dias que você não dorme, João, o corpo deve estar cansado mesmo!
Helena: Tem razão, Cristina, todos eles precisam descansar, foram muitos dias de espera, imagino que foram noites sem dormir!- minha voz embargou só de imaginar, engoli o choro e fiz carinhos em João até que ele dormiu- Acho que alguém aqui dormiu- falei baixinho pra não acordar ele
Renata: Já que ele dormiu, eu vou descer, visse?- levantou da cama- Helena, vais ficar aqui?- me olhou e eu assenti
Helena: Não posso fazer muito, mas vou ficar aqui sim, tia- pisquei pra ela- Pode ir tranquila, eu cuido deles, Cristina vai ficar, né?
Cristina: Vou sim, eu fico aqui contigo, caso o Miguel acorde!- assenti, tia Renata saiu do quarto e nós duas ficamos ali com os príncipes dormindo- Dorme um pouquinho também, Leninha, cê tá com uma carinha de cansada!
Helena: Não, vou ficar aqui acordada, pra quando o João acordar!- ela riu e balançou a cabeça negando [...] A missa campal está quase chegando ao fim, uma das missas mais emocionantes que eu já assisti em toda a minha vida, o arcebispo de Olinda destacou várias qualidades dos meninos, agradeceu á Deus pelo dom da minha vida, disse que precisávamos agradecer, porque eu havia sobrevivido, passei a missa inteira ao lado de João, segurando a mão dele, o tempo inteiro, assim como eu havia prometido
Monise: Filha, come alguma coisa, você precisa tomar os remédios!- falou pra mim assim que a missa terminou
João: Vamos lá na cozinha comer, Helena, eu como um pouquinho também!- assenti e nós dois fomos pra cozinha ele, sempre, empurrando minha cadeira, comemos um pouquinho depois voltamos pra área externa, saímos no instante em que estavam levando o corpo de Percol pro cemitério
Helena: Como eu queria poder chegar pertinho dele, falar pela ultima vez o quanto eu o amo, o quanto ele foi importante da minha vida!- meus olhos marejaram
João: Você pode chegar pertinho dele!- me pegou no colo e me levou ao lado do caixão de Percol, eu coloquei a mão sobre o mesmo
Helena: Eu te amo tanto, você vai fazer tanta falta pra mim, tchinho, cuida de mim aí de cima, por favor! Descansa em paz, te amo!- dei um beijo no caixão, Cecília veio ao meu lado e apertou minha mão com força
Cecília: Pode ter certeza que todo esse sentimento era reciproco, ele também te amava muito, lembra dos momentos bons que vocês viveram, tá? Lembra sempre do sorriso dele, vai ajudar á aliviar essa saudade maluca!- beijou minha bochecha, depois que o carro da funerária levou o corpo o João me pôs de volta na cadeira, minha mãe me entregou os remédios, tomei todos, depois ficamos ali tendo nossos últimos momentos com Eduardo [...] As ultimas homenagens começaram agora, estão cantando musicas que Eduardo gostava, recitando poesias, é uma forma de homenagear e aliviar a saudade, Antônio Marinho leu um poema, cantaram Aí que saudade d´ocê, acho que musica nenhuma lembra tanto Eduardo quanto essa, ele vivia cantando pra Renata
João: Painho era muito amado, né?- segurou na minha mão e eu sorri
Helena: Eu nunca tive duvidas disso, quem não amava seu pai?- rimos, assistimos todas as homenagens juntinhos, era incrível como ele consegui me acalmar, me trazia uma paz enorme [...] Eduardo acabou de ser enterrando, o dia foi repleto de emoções, chegou a hora de voltar pra casa e encarar a realidade, não há mais nada que possa ser feito, apenas aceitar os planos que Deus tem pra nós
Helena: Agora só nos resta a saudade, apenas isso!
Monise: Vai ser uma saudade boa, só vivemos momentos maravilhosos ao lado de Eduardo!
Renata: Helena, amanhã terá uma reunião no Internacional, quero muito que você vá, visse?- assenti e ela piscou pra mim, nos despedimos, meu pai me colocou no carro e nós fomos pra casa, depois de meses eu estava voltando pra casa, não do jeito que eu imaginava, mas o importante era que eu estava em casa
Mauro: Filha, quer ajuda pra tomar banho?- perguntou que entramos no meu quarto
Helena: Quero sim, painho, não tem como tomar banho sozinha!- fiz careta e ele sorriu, meus pais me deram banho, eu vesti um pijama e deitei, meu corpo pedia cama, peguei meu celular, meus pais saíram do quarto, vi que havia mensagem pra mim no whats, era do João

João Campos

Acho que tô precisando de um cafuné pra conseguir dormir, visse? Obrigado pela força que você me deu e por não ter saído do meu lado, você me ajudou muito!
Não precisa me agradecer, fiz e faria, de novo se fosse necessário, eu só quero ver vocês bem, sei que não vai ser fácil, mas todos nós vamos conseguir, tenho certeza!
Também tenho certeza disso, você pode contar comigo pra tudo, assim como eu sei que vou poder contar com você! Obrigado, mais uma vez e vai descansar, que amanhã o dia vai ser longo!
Você também, vai descansar, visse? Até amanhã, beijo enorme! :*

Fechei a conversa com João, saí do whatsapp, novamente, minha saudade me fez entrar na minha galeria de fotos, tantas fotos de tantos momentos maravilhosos, tanta saudade que vai ficar, ô meu Deus, me dê muita força, por favor, meu celular apitou novamente e, era o João, ele mandou uma foto que tiramos com Eduardo em uma viagem que nós fizemos todos juntos ao exterior, se eu chorei ao ver a foto? É certeza que sim, achei a foto linda e resolvi postar


helena_monteiro “Nós, seguiremos unidos, pois ele nos reuniu, vamos pegar no serviço, como ele sempre, pra levantar a bandeira que á meio mastro caiu, pois Eduardo tá vivo em tudo que construiu. Todo o povo brasileiro o seu legado assumiu, vamos tá firmes na luta, seguindo quem nos uniu...” E essa saudade? Só não é maior que a nossa gratidão! 
@peedrocampos Disse tudo, Leninha! Essa saudade só não é maior que a gratidão!

@augustamcarneiro Amo tanto vocês!

@laraosantana Saudade imensa!

@maurovaladares_ Que foto linda, filha! Muita saudade!

@raulhenry Só vejo guerreiros nessa foto, saudade!

@forcafamiliacampos Força, Helena!

Nem li os outros comentários, deixei o celular de lado, fiz minha oração e comecei á minha tentativa pra dormir, porque sei que amanhã o dia vai ser longo

4 comentários:

  1. Ja esta Rolando Sentimentos.. ❤
    João: Quando a realidade bater na porta você vai abrir ela com um sorriso nos lábios e encarar o que vier pela frente, sozinha você não estará, eu te garanto isso, viu baixinha? <-- Qero João Pra mim..!
    Ju tu esta me deixando apaixonada Pelo Casal joãoLe.. ❤
    #ContinuaPorFavor ❤

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  2. Maravilhosoooo 😍😍😍😍 Cada diia maiis apaixonadaaa 💕

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  3. Maravilhosoooo 😍😍😍😍 Cada diia maiis apaixonadaaa 💕

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