O cortejo com o corpo
do meu pai foi um dos momentos mais difíceis da minha vida, o que nos deu um
certo conforto foi ver o carinho e a admiração que o povo pernambucano sente
por ele, ver tanta gente pra se despedir dele, foi gratificante, é bom saber
que meu pai foi muito amado, durante o percurso escutamos pessoas gritando “Eduardo
guerreiro, do povo brasileiro”, Pedro, Duda e eu gritávamos juntamente com toda
aquela multidão, era uma maneira de mostrar ao meu guerreiro que ele será inesquecível
em nossas vidas e na vida de todos os pernambucanos, povo que ele tanto amava. Chegamos
ao Palácio do Campo das Princesas, ajudei á descer o caixão do meu pai, recebi
o abraço carinhoso de varias pessoas que estavam ali por ele, por nós, quando o
tumulto diminuiu eu fui ajudar a Helena á descer do carro, só faltava ela pra
descer
João: Guta, onde
tu colocasse a cadeira de rodas da Helena? Já vou tirar ela do carro!- perguntei á Guta enquanto eu enxugava
minhas lagrimas
Guta: Eu que
trouxe, tá no carro dos meus pais, vou lá pegar pra tu!- assenti
João: Vou indo lá
buscar a Helena, tá? Te espero no carro- ela
assentiu, eu fui pro carro do Corpo de Bombeiros- Desculpa ter demorado, é
que ali fora tá um tumulto- ri fraco, a
Helena me olhou assustada, ela estava chorando
Helena: Nem sei
se tô pronta pra descer daqui, não queria que ninguém olhasse pra mim com pena,
João!- eu fiz carinho em seu rosto
João: Ninguém vai
te olhar com pena, vão te olhar como a guerreira que você é e que vai dar um
exemplo de superação pra todo mundo, pode ter certeza!- dei um beijo em seu rosto e enxuguei suas lagrimas
Helena: Que Deus
esteja te escutando, porque eu vou precisar de tanta força, de tanto apoio,
João, nem quero me imaginar acordando depois de amanhã, quando a realidade bater
na porta!
João: Quando a
realidade bater na porta você vai abrir ela com um sorriso nos lábios e encarar
o que vier pela frente, sozinha você não estará, eu te garanto isso, viu
baixinha?- dei uma bagunçada no cabelo
dela que estava amarrado em um coque
Helena: Para de
ficar me chamando de baixinha, João, eu não gosto!- fez bico, acho que minha tentativa de animá-la um pouco está
funcionando
João: E eu vou te
chamar de quê? Porque alta tu não é- ri,
não consigo entender, mas desde que a Helena chegou eu tenho sentido uma paz
tão grande, todo aquele medo que estava me sufocando foi embora, é como se meu
pai estivesse falando que eu preciso ficar forte pela nossa família e por ela
Helena: Também,
não precisa humilhar, né? Eu sei que não sou a pessoa mais alta do mundo!- deu um tapinha no meu ombro- João, eu
quero uma blusa dessas, cadê a minha?- se
referiu a blusa que eu estava vestido, era uma homenagem á meu pai, na blusa
estava escrito “Não vamos desistir do Brasil”
João: Eu vou ver
se consigo arranjar uma blusa pra tu, baixinha, isso se a Guta vier logo com a
tua cadeira, né?
Guta: Já cheguei,
já cheguei, é que pra chegar no estacionamento tá um tumulto horrível, tem
muita gente aqui!- ela colocou a cadeira
de rodas perto da porta do carro, eu peguei a Helena no colo e coloquei-a na
cadeira
Helena: Nossa,
vai ser complicado chegar ali, visse?- ela
se referiu a área onde estavam os caixões
João: Eu acho que
é melhor eu te levar no colo, lá eu te coloco na cadeira, vai ser quase impossível
passar por essa multidão aí com você na cadeira!
Helena: João,
chame meu pai, eu já te dei trabalho demais por hoje!
Helena: Não me
deu trabalho nenhum, larga de bobagem, bora Guta?- Guta assentiu, fui passando pelo meio da multidão com a Helena em meu
colo, ela escondeu o rosto na curva do meu pescoço e eu pude sentir suas
lagrimas me molhando, assim que nos aproximamos da área mais reservada pra
nossa família a Guta colocou a cadeira perto do caixão onde estavam os pais da
Helena, mainha e os meninos, eu coloquei a baixinha sentada na cadeira
Mauro: Deveria
ter me chamado pra tirar ela, João!
Helena: Eu ainda
falei, painho, mas João é teimoso!- eu
ri fraco [...] Passamos a noite inteira ao pé do caixão, tio Mauro e tia Monise
foram pra casa, mas a Helena se recusou á ir, disse que só sairia dali com o
meu pai, estava assim como eu. Por volta das cinco da manhã eu tive uma crise
de choro, não conseguia me acalmar, só chorava cada vez mais, acho que chegou
aquela hora que a pessoa perde o controle da situação e não consegue mais
manter a calma, as forças vão embora- João?- ela meio que me gritou, eu estava agarrado ao caixão do meu e me virei
pra ela- Senta aqui um pouco, por favor!
Eduarda: Vai,
João, senta um pouco ali perto da Helena, você precisa se acalmar!- me abraçou e me levou pra sentar ao lado da
Helena, assim eu sentei ela segurou minha mão
Helena: Se
acalma, eu tô do seu lado, sei que não posso fazer muito por você, mas não
chora, por favor, tá?- começou a fazer
carinho no meu braço, o local que ela alcançava, sem pensar eu deitei minha
cabeça em suas pernas, ela começou á mexer no meu cabelo, era o cafuné que eu
estava precisando, a paz que eu estava precisando- Fica bem, tá? Eu vou
precisar muito de vocês e você disse que ia me ajudar!
João: Deixa eu
ficar aqui quietinho, continua esse cafuné, por favor!- ela atendeu ao meu pedido e continuou com um dos melhores cafunés desse
mundo, estava tão cansado que acho que apaguei no colo da Helena
Depois de uma crise
de choro o João deitou no meu colo, eu comecei á lhe fazer carinhos e quando
dei por mim ele estava dormindo com a cabeça apoiada nas minhas pernas
Pedro: Dormiu?- se aproximou de nós dois e eu assenti
Helena: Acho que
vou chamar ele, melhor ele ir descansar lá dentro, aqui tá muito tumultuado e
um calor da gota!- ri pelo nariz
Pedro: Mainha tá
lá dentro amamentando Miguel, chame ele mesmo, desde quarta-feira que João não
dorme!- fiz careta e passei a mão
devagar pelo rosto do João
Helena: João?- ele abriu os olhos devagar- Vai
descansar um pouco lá dentro, senão cê vai acordar cheio de dor nas costas
depois!
João: Não, lá
dentro, eu não quero sair daqui!- levantou
do meu colo de vez, menino teimoso
Helena: Só um
pouquinho, João, tu dormisse no meu colo, estás cansado demais, vamos? Eu fico
lá contigo!
João: Eu não
quero sair do lado do meu pai- ele
voltou á chorar novamente, me deu uma pena tão grande, vontade de poder fazer
alguma coisa pra acalmar ele
Eduarda: João,
escuta a Helena, aproveita que mainha está lá dentro e vai descansar um pouco,
você foi o único que não saiu daqui ainda vai, pelo menos, beber uma agua!
Helena: Vamos,
João, se tu tiver disposto á empurrar minha cadeira eu vou contigo!
Pedro: Deixa de
teimosia, João, vai com a Helena!- ele
foi vencido pela insistência, levantou e empurrou minha cadeira até entrarmos
na parte interna do Palácio
Helena: Quer
comer alguma coisa? Nunca te vi comendo nada á horas!
João: Tô sem
fome, só vou deitar um pouco e depois a gente volta pra lá, tá?
Helena: Na hora
que você quiser voltar, eu volto, não vou sair do seu lado, tá bom? Agora,
vamos procurar um quarto pra você descansar!- ele foi empurrando minha cadeira até entrarmos no quarto em que estavam
Renata, Miguel, Zé e Cristina- Cabe mais alguém aí nessa cama?- ri fraco e apontei pro João
João: Cabe mais
dois, né? Tu vais deitar também!
Renata: Cabe sim,
meus amores, deitem aqui pra descansar um pouquinho, eu vou descer, porque
Miguel e Zé dormiram um pouquinho!
Helena: E você,
tia, já descansou também? Fica aqui com a gente um pouquinho!
João: Helena tem
razão, mainha, descansa um pouco também, nem que sejam só cinco minutos!- tia Renata se deu por vencida e permaneceu
deitada na cama, João me pegou no colo, me deitou na cama de casal ao lado do
Zé e em seguida deitou ao meu lado, eu comecei á lhe fazer cafuné, novamente- Desse
jeito, eu vou dormir, de novo!
Cristina: É bom
dormir mesmo, faz dias que você não dorme, João, o corpo deve estar cansado
mesmo!
Helena: Tem
razão, Cristina, todos eles precisam descansar, foram muitos dias de espera,
imagino que foram noites sem dormir!- minha
voz embargou só de imaginar, engoli o choro e fiz carinhos em João até que ele
dormiu- Acho que alguém aqui dormiu- falei
baixinho pra não acordar ele
Renata: Já que
ele dormiu, eu vou descer, visse?- levantou
da cama- Helena, vais ficar aqui?- me
olhou e eu assenti
Helena: Não posso
fazer muito, mas vou ficar aqui sim, tia- pisquei
pra ela- Pode ir tranquila, eu cuido deles, Cristina vai ficar, né?
Cristina: Vou
sim, eu fico aqui contigo, caso o Miguel acorde!- assenti, tia Renata saiu do quarto e nós duas ficamos ali com os príncipes
dormindo- Dorme um pouquinho também, Leninha, cê tá com uma carinha de
cansada!
Helena: Não, vou
ficar aqui acordada, pra quando o João acordar!- ela riu e balançou a cabeça negando [...] A missa campal está quase
chegando ao fim, uma das missas mais emocionantes que eu já assisti em toda a
minha vida, o arcebispo de Olinda destacou várias qualidades dos meninos,
agradeceu á Deus pelo dom da minha vida, disse que precisávamos agradecer,
porque eu havia sobrevivido, passei a missa inteira ao lado de João, segurando
a mão dele, o tempo inteiro, assim como eu havia prometido
Monise: Filha,
come alguma coisa, você precisa tomar os remédios!- falou pra mim assim que a missa terminou
João: Vamos lá na
cozinha comer, Helena, eu como um pouquinho também!- assenti e nós dois fomos pra cozinha ele, sempre, empurrando minha
cadeira, comemos um pouquinho depois voltamos pra área externa, saímos no
instante em que estavam levando o corpo de Percol pro cemitério
Helena: Como eu
queria poder chegar pertinho dele, falar pela ultima vez o quanto eu o amo, o
quanto ele foi importante da minha vida!- meus
olhos marejaram
João: Você pode
chegar pertinho dele!- me pegou no colo
e me levou ao lado do caixão de Percol, eu coloquei a mão sobre o mesmo
Helena: Eu te amo
tanto, você vai fazer tanta falta pra mim, tchinho, cuida de mim aí de cima,
por favor! Descansa em paz, te amo!- dei
um beijo no caixão, Cecília veio ao meu lado e apertou minha mão com força
Cecília: Pode ter
certeza que todo esse sentimento era reciproco, ele também te amava muito,
lembra dos momentos bons que vocês viveram, tá? Lembra sempre do sorriso dele,
vai ajudar á aliviar essa saudade maluca!- beijou
minha bochecha, depois que o carro da funerária levou o corpo o João me pôs de
volta na cadeira, minha mãe me entregou os remédios, tomei todos, depois
ficamos ali tendo nossos últimos momentos com Eduardo [...] As ultimas
homenagens começaram agora, estão cantando musicas que Eduardo gostava,
recitando poesias, é uma forma de homenagear e aliviar a saudade, Antônio
Marinho leu um poema, cantaram Aí que saudade d´ocê, acho que musica nenhuma
lembra tanto Eduardo quanto essa, ele vivia cantando pra Renata
João: Painho era
muito amado, né?- segurou na minha mão e
eu sorri
Helena: Eu nunca
tive duvidas disso, quem não amava seu pai?- rimos, assistimos todas as homenagens juntinhos, era incrível como ele
consegui me acalmar, me trazia uma paz enorme [...] Eduardo acabou de ser enterrando,
o dia foi repleto de emoções, chegou a hora de voltar pra casa e encarar a
realidade, não há mais nada que possa ser feito, apenas aceitar os planos que
Deus tem pra nós
Helena: Agora só
nos resta a saudade, apenas isso!
Monise: Vai ser
uma saudade boa, só vivemos momentos maravilhosos ao lado de Eduardo!
Renata: Helena,
amanhã terá uma reunião no Internacional, quero muito que você vá, visse?- assenti e ela piscou pra mim, nos
despedimos, meu pai me colocou no carro e nós fomos pra casa, depois de meses
eu estava voltando pra casa, não do jeito que eu imaginava, mas o importante
era que eu estava em casa
Mauro: Filha,
quer ajuda pra tomar banho?- perguntou
que entramos no meu quarto
Helena: Quero
sim, painho, não tem como tomar banho sozinha!- fiz careta e ele sorriu, meus pais me deram banho, eu vesti um pijama e
deitei, meu corpo pedia cama, peguei meu celular, meus pais saíram do quarto,
vi que havia mensagem pra mim no whats, era do João
João Campos
Acho que tô precisando de um cafuné pra
conseguir dormir, visse? Obrigado pela força que você me deu e por não ter saído
do meu lado, você me ajudou muito!
Não precisa me agradecer, fiz e faria, de novo se fosse necessário,
eu só quero ver vocês bem, sei que não vai ser fácil, mas todos nós vamos
conseguir, tenho certeza!
Também tenho certeza disso, você pode
contar comigo pra tudo, assim como eu sei que vou poder contar com você! Obrigado,
mais uma vez e vai descansar, que amanhã o dia vai ser longo!
Você também, vai descansar, visse? Até amanhã, beijo
enorme! :*
Fechei a conversa com
João, saí do whatsapp, novamente, minha saudade me fez entrar na minha galeria
de fotos, tantas fotos de tantos momentos maravilhosos, tanta saudade que vai
ficar, ô meu Deus, me dê muita força, por favor, meu celular apitou novamente
e, era o João, ele mandou uma foto que tiramos com Eduardo em uma viagem que
nós fizemos todos juntos ao exterior, se eu chorei ao ver a foto? É certeza que
sim, achei a foto linda e resolvi postar
helena_monteiro “Nós, seguiremos unidos, pois
ele nos reuniu, vamos pegar no serviço, como ele sempre, pra levantar a bandeira
que á meio mastro caiu, pois Eduardo tá vivo em tudo que construiu. Todo o povo
brasileiro o seu legado assumiu, vamos tá firmes na luta, seguindo quem nos
uniu...” E essa saudade? Só não é maior que a nossa gratidão!
@peedrocampos Disse tudo, Leninha! Essa saudade
só não é maior que a gratidão!
@augustamcarneiro Amo tanto vocês!
@laraosantana Saudade imensa!
@maurovaladares_ Que foto linda, filha! Muita saudade!
@raulhenry Só vejo guerreiros nessa foto,
saudade!
@forcafamiliacampos Força, Helena!
Nem li os outros
comentários, deixei o celular de lado, fiz minha oração e comecei á minha
tentativa pra dormir, porque sei que amanhã o dia vai ser longo
Ja esta Rolando Sentimentos.. ❤
ResponderExcluirJoão: Quando a realidade bater na porta você vai abrir ela com um sorriso nos lábios e encarar o que vier pela frente, sozinha você não estará, eu te garanto isso, viu baixinha? <-- Qero João Pra mim..!
Ju tu esta me deixando apaixonada Pelo Casal joãoLe.. ❤
#ContinuaPorFavor ❤
Cap pftt. Continua
ResponderExcluirMaravilhosoooo 😍😍😍😍 Cada diia maiis apaixonadaaa 💕
ResponderExcluirMaravilhosoooo 😍😍😍😍 Cada diia maiis apaixonadaaa 💕
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