Letícia: Futura
namorada do Rodolfo? Você tá brincando com a minha cara, só pode- riu nervosa- isso é mais uma
brincadeira tua e do João, né? Me fala que sim!
Helena: Letícia,
nem tudo na vida é brincadeira? Eu não tenho necessidade de brincar contigo, tu
já deixasse bem claro que não quer nada com o Rodolfo, ele seguiu em frente, tá
ficando com a Karlyze e olhe, acho que ficando sério mesmo, visse? Até levou
ela pra almoçar com a gente hoje- dei
ombros
Letícia: Eu não
esperava que ele fosse encontrar outra pessoa assim, tão rápido- encarou o chão e eu dei uma risada irônica
Helena: Lembra
quando eu falei pra tu que ele não merecia o que tu tava fazendo?- assentiu- Então, eu tentei abrir teus
olhos, tentei fazer tu enxergar que tu tava perdendo o cara mais incrível desse
mundo, porque o Rodolfo pode ter muitos defeitos, mais poucas pessoas tem um
coração tão bom quanto o dele
Letícia: Eu sei
que ele incrível ,mais eu tive medo, Helena, eu cheguei escutando todo mundo
falar que o Rodolfo era o pegador da cidade, se brincar até do estado, como que
eu ia acreditar que a gente poderia ter um relacionamento? Não tinha como e se
você eu tenho certeza que também não acreditaria
Helena: Eu
poderia até não acreditar, mais eu ia fazer uma coisa diferente de tu, eu ia arriscar
e se não desse certo eu não iria me arrepender de não ter tentando, não ficar
igual tu tás agora: arrependida
Letícia: E quem
falou pra você que eu tô arrependida?
Helena: Não
precisa ninguém me falar, Letícia, eu vejo nos teus olhos, eu vi tua reação,
tás sim arrependida, porque tu esnobou demais o Rodolfo e agora ele não vai
mais correr atrás de tu, agora sim, acabou o lance de vocês, de verdade
Letícia: Ai
Helena, para de falar, eu já sei que eu fui burra, que eu perdi o Rodolfo, ok?
Não fala mais nisso, só me dá teu colo pra mim chorar, por favor- me olhou com os olhinhos marejados, me
ajeitei na cama e ela deitou com a cabeça no meu colo- Ele não podia fazer
isso comigo, Helena, teu amigo é um idiota
Helena: Opa, num
fale assim dele não, visse? Tu que errou com ele primeiro, Rodolfo merece ser
feliz, só espero que a Karlyze seja a pessoa certa pra isso- fiquei fazendo carinho na Letícia até
escutar o toque do meu celular, peguei-o e apareceu o nome do Rodolfo na tela- falando
nele, olhe quem tá me ligando- ri,
mostrei o celular pra Letícia, ela revirou os olhos, levantou do meu colo e eu
atendi a ligação
-Ligação on-
Helena: Oi
Rodolfo: Tás
sentada, né?- ele parecia aperreada e
meu sexto sentido já me mandou ficar em alerta
Helena: Tô
sentada sim, o que foi?
Rodolfo: Eu tô no
hospital com o João- acho que fui no
outro mundo e voltei quando ele falou o nome do João
Helena: O que foi
que aconteceu com ele, Rodolfo?- perguntei
já chorando, ai meu Deus
Rodolfo: Calma
que ele tá bem, visse? A pressão dele subiu, ele desmaiou, aí nós trouxemos ele
pra cá
Helena: Desmaiou,
Rodolfo? Ai meu Deus do céu, que hospital vocês tão? Eu tô indo praí agora!- levantei da cama e fui pro closet, comecei
á procurar uma roupa ligeiro
Rodolfo: Helena,
não precisa vir, o João vai me matar quando souber que eu liguei pra tu
Helena: Não
discute, Rodolfo, fale o nome do hospital, eu vou aí sim, quero ver com meus
próprios olhos se ele tá bem mesmo
Rodolfo: Ô Minha
tia Ceça, que menina teimosa, eu hein- ri,
enquanto vestia uma calça e uma camisete qualquer- olhe, a gente tá no Santa Joana, visse?
Helena: Tá bom,
eu chego já aí e obrigada por ter me avisado
Rodolfo: Precisa
agradecer não, só não deixe João me matar- rimos-
vem com cuidado, tá pequena?
Helena: Pode
deixar, beijo, beijo e até mais tarde
Rodolfo: Beijo,
beijo!
-Ligação off-
Saí do closet e a
Letícia me olhou assustada
Letícia: Que foi
que aconteceu? Desde que atendeu o telefone você já mudou de cor umas três
vezes, eu tô preocupada- levantou da
cama e veio pra perto de mim, eu calcei uma rasteira que tava jogada ali no
quarto e peguei minha bolsa
Helena: O João
passou mal, tá no hospital e tu precisa me levar pra ir ver ele- abracei-a chorando, eu fico sem rumo só de
imaginar acontecer alguma coisa com o João
Letícia: Ei, fica
calma, tá? Eu vou te levar lá agora, mais para de chorar- desfez nosso abraço, pegou a bolsa dela, nós saímos do meu quarto e eu
fui direto em direção á garagem- só vou avisar pra Carlinha que a gente tá
saindo, senão ela fica preocupada- assenti,
fui pra garagem, encostei no carro, a Letícia chegou, destravou o mesmo, nós
entramos, colocamos os cintos e ela deu partida- qual o hospital que ele
tá?
Helena: Ele tá no
Santa Joana, eu te ensino o caminho- assentiu. O caminho da minha casa até o
hospital foi um dos mais distantes da minha vida, eu tinha tanta urgência e
necessidade pra ver o João que quase nem esperei a Letícia estacionar o carro,
desci o mais rápido que pude, entrei no hospital, fui pra recepção e ela veio
correndo atrás de mim
Letícia: Fia, eu
sei que você tá nervosa, mais que fique bem claro que eu ainda não sou atleta,
ok?- falou com a respiração ofegante e
eu dei um risinho amarelo pra ela, a moça da recepção chegou pra atender a
gente
Xxxx: Em que
posso ajudar vocês?
Helena: É que eu
tô procurando um amigo meu, ele tá internado aqui, o João Henrique Campos- ela assentiu, digitou algo no computador,
em seguida me encarou novamente
Xxxx: Ele tá no
quarto 202 aqui no térreo mesmo, na ala de emergência- agradeci á moça e fui até o quarto que ela havia me falado, bati na
porta, a Karlyze que abriu a mesma, pra minha total surpresa, dei uma olhada
pra trás, a Letícia me encarou com uma cara estranha
Karlyze: Oi,
Helena, entre que João tá dormindo- deu
um sorriso confortante pra mim, a gente entrou no quarto e ela fechou a porta,
eu fui até a cama, João estava com o braço cheio de fios por causa do soro e
usando uma mascara de oxigênio, fiz carinho no cabelo dele e olhei pro Rodolfo
Helena: Porque
ele tá usando isso? Tu me disse que ele tava bem, Rodolfo- voltei á chorar- não mente pra mim, me fala o que foi que aconteceu
com ele- o Rodolfo levantou do sofá que
estava sentado e me deu um abraço
Rodolfo: Ele tá
bem, Helena, só tá usando essa mascara de oxigênio porque ela chegou aqui
cansado demais, com uma certa dificuldade pra respirar, mais a pressão dele já
tá voltando ao normal, tá? Não precisa chorar e nem se desesperar, João tá bem-
desfez nosso abraço e depositou um beijo
na minha testa
Helena: E porque
ele não acorda?- choraminguei, ele riu e
balançou a cabeça negando
Rodolfo: Ô minha
pirralha é porque deram um remédio pra ele dormir um pouquinho, só isso, daqui
á pouco ele acorda, visse?- assenti- agora,
vem sentar aqui comigo- nós nos sentamos
no sofá, a Letícia continuou em pé e a Karlyze sentou ao lado do Rodolfo
Karlyze: Ele vai
ficar bem, Helena, fica tranquila- assenti,
encostei minha cabeça no peitoral do Rodolfo e ele ficou fazendo carinho em
mim- amor, vou ali na lanchonete comer alguma coisa e volto, visse?- Rodolfo assentiu- vocês vão querer
alguma coisa?- neguei e a Letícia
também, ela deu um selinho no Rodolfo, levantou do sofá e saiu do quarto, a
Letícia sentou no lugar dela
Letícia: Amor,
Rodolfo?- forçou um sorriso- você
não ama nem á si mesmo, coitada dessa menina
Rodolfo: Coitada
dela, porque? Eu vou fazer muito bem pra Karlyze, assim como ela tá fazendo pra
mim, tu nem me conhece, Letícia, me poupe desses showzinhos, visse? Já passou
teu tempo- eu olhei assustada pra ele
Helena: Calma,
Rodolfo, também não precisa falar assim com a Letícia
Letícia: Eu acho
melhor eu voltar pra casa, Helena, não bem vinda aqui- levantou do sofá, eu também fiquei de pé- quando receber alta me
liga, tá? Eu venho te buscar, se cuida- assenti,
ela depositou um beijo na minha testa e saiu do quarto, eu voltei á sentar ao
lado do Rodolfo
Rodolfo: Desculpe,
visse? Eu acho que peguei pesado com ela- fez
careta e eu fiz carinho no rosto dele
Helena: Relaxe,
foi uma escolha dela- dei ombros- agora
eu só quero que o meu amor acorde logo- olhei
pro João, levantei do sofá, fui pro lado da cama, sentei na pontinha da mesma e
fiquei fazendo carinho no cabelo dele- Acorde logo, meu amor, por favor!
Rodolfo: Já que
ele acorda e me mata, né? Ele pediu pra mim não contar pra ninguém- rimos
Helena: Onde que
vocês tavam, hein? Eu jurava que João tava em casa
Rodolfo: Em casa?
João nunca parou em casa hoje, quando a gente saiu do restaurante foi pra
Ipojuca, aí quando nós chegamos aqui fomos direto pro comitê de Paulo, aí lá
ele passou mal- assenti. [...] Já
estamos com quase uma hora nesse hospital e nada do João acordar, tô começando
á ficar ainda mais aperreada
Helena: Rodolfo,
eu vou procurar o medico, esse sono de João não tá normal
Rodolfo: Faz o
seguinte, fique aqui com ele, tá? Eu e a Karlyze vamos procurar o medico- assenti, ele jogou beijo pra mim e saiu do
quarto, juntamente com a Karlyze. Tava fazendo carinho no cabelo de João quando
ele começou á se mexer na cama, segurei a mão dele e logo vi aqueles olhos
lindos se abrindo
João: Que é que
tu tás fazendo aqui?- perguntou enquanto
tirava a mascara de oxigênio
Helena: Tu
achavas mesmo que eu não ia ficar sabendo?- coloquei a mascara nele novamente- não mexe nisso, chegasse aqui
com dificuldade pra respirar, só tire quando medico autorizar- ele revirou os olhos e ficou calado, eu
respirei fundo e fiz carinho no rosto dele- quase morri de susto, não faz
mais isso comigo
João: Não fiz
nada com tu não, o Rodolfo que te contou- acho
que já entendi tudo, ele tá com raiva. O motivo? Vamos perguntar pra ele, né
migos? Só que não agora, senão, é bem capaz da gente apanhar aqui e tal
Helena: Desculpa
então, eu vou embora, tá? Foi mal ter vindo!- me afastei da cama e peguei minha bolsa encima do sofá- o Rodolfo
foi chamar o medico, ele deve tá voltando, não brigue com ele não, visse? Ele só
quis ajudar- fechei os olhos com força
na tentativa de não chorar, não ali na frente dele- Fica bem e qualquer
coisa sabes que pode me ligar, né?- fui
até ele, depositei um beijo em sua testa, ele segurou minha mão
João: F-f-f-f-f-f-fica-
a voz dele tava um pouco fraca, saiu
falha
Helena: Acho
melhor não, eu não quero atrapalhar- olhei
pra minha mão, ele soltou a mesma e eu saí do quarto, no corredor eu encontrei
com o Rodolfo
Karlyze: João
acordou?- assenti- E, tá tudo bem? Tás
com cara de choro
Rodolfo: Karlyze,
vai lá no quarto ver o João, eu vou conversar com a Helena, visse?- ela assentiu, deu um beijo na minha
bochecha e caminhou na direção do quarto que o João estava- Vocês
brigaram?- me abraçou de lado e me levou
pra lanchonete do hospital, nós nos sentamos e eu comecei á chorar, de novo,
pra variar
Helena: Ele anda
tão ignorante comigo, Rodolfo, só que eu não entendo porque, será que ele não
percebe que todo mundo sofre com essa porcaria dessa saudade? Eu também sofro,
eu também sinto falta- passei o braço
com força em me rosto na tentativa de enxugar as malditas lagrimas que teimavam
em não parar- se tá difícil pra ele, imagina pra mim, acho que ele não
percebe a quantidade de marcas que esse maldito acidente deixou em mim ou
talvez agora ele entenda que eu também deveria ter morrido naquela merda
Rodolfo: Helena,
pelo amor de Deus, pare de falar assim, tá complicado pra todo mundo, mais eu
tenho certeza que o João não pensa assim, ele te ama- levantou da cadeira que ele tava sentado e me abraçou do jeito que deu-
não chora assim, eu odeio te ver chorando, queria poder tirar essa dor de
tu
Helena: Mais ninguém
pode tirar essa dor de mim, eu vou conviver com ela pelo resto de minha vida e
pelo que eu tô vendo sozinha- o Rodolfo
ficou me ninando e aos poucos eu fui me acalmando. Já estava bem mais calma
quando o João entrou na lanchonete, se apoiando na Karlyze- eu vou embora,
tchau!- me soltei do Rodolfo, levantei
da cadeira, peguei minha bolsa que havia caído no chão e saí do hospital o mais
rápido que eu consegui.
Depois que a Helena
saiu da lanchonete a Karlyze me ajudou á sentar, eu ainda tava me sentindo um
pouco fraco e fiquei sem reação, não consegui entender o que tava acontecendo
Rodolfo: Karlyze,
vai atrás da Helena, pode ser? Eu fico com o João aqui- a Karlyze assentiu e saiu do nosso campo de visão- O que é que tá
acontecendo com tu, João?
João: Fraqueza,
Rodolfo, eu não tô mais dando conta de segurar essa barra toda, eu tô desde
segunda-feira sem conseguir dormir, minhas forças foram embora e eu não sei mais
o que fazer, não deixar que mainha me veja assim, eu não quero que a Helena me
veja assim, elas precisam de mim e eu não consigo mais, eu não tenho mais de
onde tirar força
Rodolfo: E tu
achas que se afastando da Helena vai melhorar?- abaixei minha cabeça- eu nunca tinha visto a Helena do jeito que
ela tava agora, resolve logo o teu problema e deixa a minha amiga fora disso,
visse? Porque se for pra tu fazer ela sofrer eu vou ser o primeiro á pedir pra
ela se afastar de tu
João: Tás louco? Se
a Helena se afastar de mim eu até me interno, porque aí é que vou me acabar
mesmo, gosto nem de pensar nisso
Rodolfo: Então
comece á repensar tuas atitudes, tás machucando a Helena e nem tás percebendo
isso
João: Ela foi
embora muito chateada comigo?
Rodolfo: Ela tá
mal, mais num é só com tu não, ela tá é com a mesma saudade que tu, ela tá
sofrendo João, todo mundo tá sofrendo, mais num adianta de nada a gente querer
se isolar, a gente tem é que se unir, um ajudar o outro
João: Eu não sei mais
o que eu vou fazer de minha vida quando essas eleições terminarem, quando
rotina voltar de verdade, como é que a gente vai viver sem painho naquela casa
Rodolfo: Eu sei
que não vai ser fácil, mais a gente vai viver e nós vamos estar todos juntos
pra te ajudar, visse? Essa fase vai passar- assenti- Raul perguntou se tua ia querer participar da carreata
hoje á noite, vai ser no Bairro Madalena
João: É agora á
noite?- assentiu- diga á ele que eu
vou participar sim, aliás, a gente já pode ir pra lá, né?
Rodolfo: Primeiro,
tu vais comer alguma coisa, depois a gente vai- mesmo contra a minha vontade, eu comi uns cinco pãezinhos de queijo e
tomei uma caneca de café com leite, já estávamos pagando a conta quando a
Karlyze voltou
João: Cadê
Helena?
Karlyze: Ela entrou
em um taxi e foi embora, eu me ofereci pra ir com ela, mais ela disse que
preferia ir sozinha
João: Eita, que
eu só faço tudo errado, impressionante- bati
a mão na testa- ela tava mais calma?
Rodolfo: Vamos
indo pro estacionamento, Karlyze vai dirigindo e no caminho eu tento ligar pra
ela, porque num vai adiantar de nada tu ligar, ela não vai atender, já conheço-
assenti. Fomos pro estacionamento, a
Karlyze destravou o carro, nós entramos, colocamos os cintos e ela deu partida
Karlyze: Pra onde
que a gente tá indo mesmo?
Rodolfo: Bairro Madalena, vai ter uma carreata lá
e João vai participar- ela assentiu, o
Rodolfo foi o caminho inteiro tentando falar com a Helena, mais sem sucesso,
ela não atendia, não visualizava as mensagens, simplesmente, nada.
Tava no taxi,
voltando pra casa e tentando encontrar um rumo pra minha vida, com o peito
carregado de saudade e na cabeça a lembrança do olhar de João sorrindo pra mim,
será que aquele sorriso é mesmo meu? Esses pensamentos me assustam, eu posso
até tentar me fazer de forte, mais sou cheias de medos. Meu celular começou á
tocar enlouquecidamente, as primeiras ligações eram do Rodolfo, eu preferi não
atender, porque sabia que ele ainda tava com o João, ele voltou á tocar
novamente, dessa vez era a Luíza, resolvi atender, poderia ser algo importante
-Ligação on-
Helena: Oi- falei ainda com a minha voz embargada
Luíza: Tás bem,
Helena? Tás com voz de choro, o que foi?
Helena: Eu tô bem
sim, se preocupe com isso não, Luíza, só é choro de saudade mesmo, queria tanto
eles aqui com a gente
Luíza: Todos nós queríamos,
meu amor, mais a vida é assim mesmo, vive pregando peça na gente, chore não,
visse? Tenho certeza que eles ficam aperreados de te ver triste assim- ri fraco
Helena: Mais, tu
ligasse pra quê mesmo?
Luíza: Vai ter
uma carreata aqui em Madalena agora,
Raul pediu pra mim te perguntar se tu queres vir
Helena: É agora?
Luíza: É sim, nós
já estamos aqui, tu vais vir?
Helena: Vou sim,
Lu, eu chego já aí, tá? Já tô até no taxi- ela
riu
Luíza: Vamos te
esperar então, até já, beijo!
Helena: Beijo,
beijo
-Ligação off-
Helena: Ô moço,
mudança de planos, me leva em Madalena, por
favor- o taxista assentiu, eu desliguei
meu celular e continuei meus pensamentos sobre a minha, nada mole, vida até
chegarmos no Bairro Madalena, paguei-o,
agradeci pela paciência comigo, desci do taxi e fui ao encontro do pessoal, só
não estava nos meus planos encontrar o João ali
João: Tu aqui?- pareceu tão surpreso quanto eu
Helena: Eu não
sabia que tu tava aqui- encolhi os
ombros- já vou embora, desculpa!- me
afastei dele, o Raul veio atrás de mim
Raul: O que é que
tá acontecendo com tu e com o João?
Helena: Nada,
sabe? E é aí que tá o problema, eu não sei o que tá acontecendo com nós dois,
ele não se abre comigo, aí fica difícil entender, saber o que fazer- ele segurou meu rosto com as duas mãos
Raul: Tu sabes o
que fazer sim, tenho certeza que esse teu coração sabe o que tem que ser feito
Helena: O coração
pode até saber, mais a razão tá mandando eu não pagar de trouxa e hoje eu vou
ficar com ela, visse? Chega de ouvir o coração, só me faz quebrar a cara, nunca
funciona!- dei ombros
Raul: Faz o que
tu quiser, mais não vai embora, já tás aqui, participe da carreata com a gente,
tá?- assenti, ele deu um beijo na minha
testa, me abraçou de lado e nós voltamos pra perto do pessoal- Vamos lá? Senão
fica muito tarde pra gente- assentimos. A
carreata começou e eu fui encima do carro com João, Raul, Luíza, Rodolfo,
Karlyze e outras pessoas da militância, eu fiquei ao lado de João mesmo me
sentindo incomodada com a situação, só quero que esse dia termine logo, será
que é pedir demais?. [...] A carreata acabou e sabem o que aconteceu quando eu
pensei que ia, finalmente, voltar pra casa? O João passou mal outra vez, eu só
posso ter jogado pedra na cruz pra merecer isso, ô meus amiguinhos que tão aí
encima será que vocês podem me ajudar? Porque tá difícil
Rodolfo: Deve ser
cansaço, ele passou mal mais cedo também- falou
enquanto Luíza dava um copo de água na boca de João, porque ele não tinha
força, sequer, pra segurar um copo d’água e eu sem capacidade emocional nenhuma
pra isso
João: É só
cansaço mesmo, num é nada demais não
Karlyze: Tens
certeza que não que voltar no hospital, João?
João: Tenho sim,
Karlyze, agora eu só quero ir pra casa com a Helena- olhou pra mim e, meus amigos, juro á vocês que não tô entendendo onde
esse menino quer chegar, só fico mais confusa á cada dia que passa
Helena: Comigo?- ele assentiu- mais, eu vou pra minha
casa
Luíza: Ô minha
gente, vamos deixar João respirar um pouco, né? Vamos sair de cima- todo mundo se afastou e nós ficamos
sozinhos
Helena: Tás bem
mesmo?- me aproximei dele
João: Na medida
do possível sim, quero tu do meu lado- me
puxou pra um abraço
Helena: Eu quero
entender tu primeiro, depois a gente ver se eu tenho mesmo que ficar do teu
lado, visse? Antes disso é melhor eu ficar do meu lado e tu do teu. Fique bem!-
dei um beijo na bochecha dele, fui atrás
do pessoal e pedi o Rodolfo pra ir me deixar em casa. [...] Quase uma da manhã
e adivinhem só, eu nunca consegui pregar o olho, não consigo parar de pensar em
João, deveria ter ido com ele, será que ele tá bem? Minha vontade era de ligar
pra ele, mais ele deve tá dormindo, melhor não incomodar. Como um sinal dos
deuses, meu celular apitou, desbloqueei o mesmo e era uma notificação do instagram,
o João havia acabado de me marcar em uma foto
joaocamposoficial Parceria e companheirismo! @raulhenryoficial
@luizanogueira1 @helena_monteiro @aregobarros
@helena_monteiro Deinha sempre registrando os
melhores momentos da gente!
Disquei o numero
dele, mais desisti de ligar, não ia fazer bem pra nós dois e ele precisa
descansar, mais não resistir em entrar na nossa conversa do whats pra lhe
mandar uma mensagem, mandei “Ei garoto, tu precisa descansar, vais dormir”, saí
do whats, bloqueei a tela do celular, coloquei o mesmo pra carregar e apaguei.
Acordei na manhã
seguinte com a Júlia e a Letícia fazendo barulho dentro do quarto e com uma dor
de cabeça infernal, deve ser consequência da falta de sono da noite passada
Helena: Vocês
podem falar baixo? Minha cabeça tá explodindo- coloquei as duas mãos na mesma e fiquei massageando
Júlia: Vais ficar
boazinha quando ver o que chegou pra tu, visse?
Helena: Que foi
que chegou pra mim?- ergui as sobrancelhas, a Letícia apontou
pra escrivaninha, eu vi um buquê de flores do campo e um ursinho muito fofo- quem
mandou isso?- cocei a cabeça, não podia
ser quem eu tava pensando, não mesmo
Letícia: Você tem
que ver o cartão, né criatura? Nós não abrimos e no envelope não tem nome, só
mandaram entregar pra você!
Helena: Pega aí
pra mim então, por favor- a Letícia me
entregou o ursinho, as flores, dei um cheirinho nos dois, peguei o cartão, abri
e comecei á ler
“Quem a vê assim sorrindo, não sabe das dores que sente. Quem
a vê chorando, não sabe da força que tem. Uma tatuagem escondida pela roupa e,
outras tantas, guardadas no coração. E lá vai ela enfrentar o mundo. E lá vai
ela colecionando sonhos. A lembrança daquele amor que prometeu ser para sempre.
As dúvidas de quem ainda não vive a realidade que planejou. Lá vai ela tentar
provar que pode ir além. Lá vai ela tentar ser feliz do seu jeito. Na bolsa o
batom, o espelho e as lembranças. Ela não assume, mas, na verdade, está a
procura dele. Ele ainda vive distante, mas gostaria de já estar ao seu lado.
Gostaria que ela já fosse sua. Só sua. E como tem sido difícil esse caminho até
encontrá-la. Quantas vezes ele tentou enxergá-la em outra mulher e viu essa imagem
se desmaterializando. Quem o vê assim bebendo, não sabe das noites em claro.
Quem o vê tão confiante, não sabe do mar de incertezas. E lá vai ele fingindo
que não tem sentimentos. E lá vai ele cumprindo a velha missão de ter que ser
sempre tão forte, tão homem. De provar que não faz parte de uma fórmula pronta.
Lá vai ele. Os braços torneados escondem o coração mole. A voz firme esconde a
vontade de ouvir baixinho. Lá vão eles. Tão diferentes e tão parecidos.
Buscando um ao outro em outros corpos. Sentindo aquele vazio que ainda não
conseguem explicar. A autoestima subindo e descendo como em uma montanha russa.
Da euforia a tristeza em poucos segundos. A adrenalina da juventude pulsando
nas veias. O frio na barriga da solidão trazendo aquele medo. O vento da
liberdade soprando novas verdades. O loop do destino bagunçando todas elas. Lá
vão eles. Ainda não sabem, mas a hora e o local do encontro já estão marcados.
Do dia em que irão juntar os cacos do que restar até lá. Do dia em que,
finalmente, tudo fará sentido. Eles nasceram um para o outro, mas ainda não
sabem disso. Não sabem, mas sentem. Ela é o rosto que ele enxerga nas noites em
claro. Ele tem os braços que ela imagina ao apertar o travesseiro. Eles vão se
encontrar. Uma hora ou outra esse tal de amor vai apertar o laço. E, dizem que,
nó de amor, não há quem desate. É só uma questão de tempo.” João Campos
Se eu chorei? Vocês devem
imaginar que não foi pouco, né? Ele é tão incrível, queria não ser tão
apaixonada por ele, mais o fato é que eu não imagino a minha vida sem o João
Júlia: Tais
esperando o quê pra ligar pra ele?
Helena: Vou escovar
os dentes, jogar uma água no rosto e chamo ele no FaceTime, á essas horas ele
já deve ter ido pro comitê- fiz bico
Letícia: Falando
em ir pro comitê, tá na minha hora, depois me conta tudo- assenti, ela beijou minha bochecha e saiu do meu quarto com a Júlia, eu
levantei da cama, fui pro banheiro, escovei os dentes, lavei o rosto, voltei
pro quarto, peguei meu celular, meu ursinho, saí do quarto, fui pra sala,
encontrei meus primos e a Letícia de saída
Helena: Oxe e vai
sair todo mundo mesmo?- ri, eles
assentiram, se despediram de mim e saíram, fui pra cozinha, dei um abraço na
Carlinha- meu amor, tira uma foto minha?- entreguei meu celular pra ela, ela tirou a foto, me devolveu o mesmo e
ordenou que eu sentasse pra tomar café, eu sentei, comecei á tomar café, entrei
no instagram e postei a foto que ela havia tirado
helena_monteiro “E, dizem que, nó de amor, não
há quem desate.” @joaocamposoficial
@joaocamposoficial Que ninguém seja capaz de
desatar o nosso nó, porque o Deus uniu o homem não separa, te amo!
Só li o comentário do
João porque fui obrigada á comer direito, vê se eu posso com essa Carlinha
mandando em mim? Posso não! Terminei de tomar café, ajudei a Carlinha com a
louça, tomei um remédio pra dor de cabeça e fui pro meu quarto com o Joãozinho
(nome que eu dei pro ursinho), deitei na cama, peguei meu celular, desbloqueei
o mesmo, havia uma mensagem do João no whats, na verdade, o link de um vídeo no
YouTube, eu cliquei no link e comecei á escutar a música, era linda, o nome? Chocolate quente do Michel Teló, assisti
umas vinte vezes e já havia até decorado a musica de tão linda que ela é. Saí do
YouTube pra falar com o João, mais nada feito, ele já não estava mais online,
então, eu resolvi tomar um banho pra ver se espantava de vez essa dor de
cabeça. Levantei da cama, calcei meu chinelo, fui pro banheiro, me despi,
entrei no box, tomei um banho demorado, me enrolei na toalha, saí do box, fui
pro closet, vesti minhas peças intimas, um vestido longo fresquinho, um
casaquinho por cima, penteei o cabelo, passei perfume, voltei pro quarto, peguei
meu celular e fui pra sala, liguei a TV, peguei o controle, sentei no sofá,
fiquei mudando os canais, mais nada que me chamasse atenção, desliguei, peguei
meu celular, entrei no YouTube e voltei á escutar a musica, até que a campainha
tocou
Helena: Carlinha,
deixe que eu abro a porta, visse?- levantei
do sofá, abri a porta e não acreditei que era ele ali na minha frente, a pessoa
que eu mais queria ver hoje- Tu?- não
consegui esconder meu sorriso, ele riu fraco, dei passagem pra que ele
entrasse, fechei a porta e fui ao encontro dele, nós dois ficamos nos
encarando- obrigada pelos presentes, eu amei todos- falei brincando com as mangas do meu casaco
João: Eu tive
febre a noite inteira, não consegui pregar o olho e não consegui parar de
pensar em tu, eu não quero tu duvide nunca que eu te amo muito, visse? Tu é a
mulher que eu escolhi pra passar o resto de minha vida, não me abandona nunca,
por favor- segurou meu rosto com as duas
mãos e me deu um beijo, nós resistimos o que pudemos á falta de ar e assim que
ela falou mais alto que a nossa vontade o João foi encerrando o beijo com
selinhos
Helena: Amo tu- falei com nossos lábios ainda muito próximos
e dei um selinho nele- tás bem agora?- fiz
carinho no rosto dele, nós dois nos sentamos no sofá
João: Pelo menos
a febre já passou, mais eu ainda tô um pouco fraco, só que se tu ficar comigo
hoje eu vou melhorar- eu ri, será que
ele tá fazendo jogo sujo? Obvio que não!
Helena: Ah, é
assim?- brinquei com o nariz dele- então
tu vai melhorar rapidinho, visse? Porque eu vou ficar com tu sim, mais com uma
condição
João: Ihhh, lá
vem ela- riu- que condição?
Helena: Me contar
o que tá acontecendo, eu sei que tu não é desse jeito, tem alguma coisa errada,
mais eu preciso saber o que é pra te ajudar
João: Eu vim aqui
pra gente falar sobre isso, porque a única coisa que tem de errada é esse medo
que eu tô sentindo de perder alguma coisa, de novo, eu já perdi meu pai, não
quero perder mais nada- os olhinhos dele
marejaram
Helena: Não
precisa ter medo, meu amor, tu não vais perder mais nada e não tás sozinho
nessa, tá todo mundo junto de tu, visse?- selei
nossos lábios. Nós ficamos namorando no sofá da sala a manhã inteira, a
Carlinha chamou a gente pra almoçar, nós almoçamos os três juntinhos, ajudamos
ela com a louça e depois resolvemos fazer brigadeiro
Carla: Tô
sentindo que isso não vai prestar, vocês vão bagunçar minha cozinha, visse?
João: Oxe, a
gente se garante, mulé- rimos
Helena: Opa, eu
num me garanto em nada não, sou um desastre na cozinha- ergui as mãos e fiz careta. Bom, o resultado é que a gente bagunçou a
cozinha inteira, mais o importante é que nosso brigadeiro ficou bom e agora nós
estamos deitados aqui na minha cama, juntinhos, comendo brigadeiro- eu te
amo tanto que até dói, visse?- melei a
boca dele de brigadeiro e beijei-o
João: Eu te amo
mais do que eu imaginava que fosse capaz alguém amar uma pessoa- roçou nossos narizes- escutasse a
musica que eu te mandei?
Helena: Escutei
tanto que eu acho que já até decorei- ele
riu- Tô falando sério, quer ver?- assentiu
e eu comecei á cantar- Volta aqui,
antes de sair me dá um beijo, onde você vai assim tão cedo? O dia nem amanheceu
direito, vem aqui, é feriado, volte á dormir, comigo- ri e ganhei um beijo rápido
João: Achei essa
musica a nossa cara, vai ser a nossa musica, visse?- assenti. Nossos celulares apitaram, pegamos os mesmos e vimos que eram
algumas fotos que a Carlinha havia tirado da nossa bagunça- vou postar uma,
pode?- dei ombros- ah, mesmo que não
pudesse eu ia postar- rimos, também
resolvi postar uma foto nossa, mais, primeiro vi a que ele havia me marcado
joaocamposoficial Eu adoro quando abre esse
sorriso, como se dissesse “amor, eu deixo tudo pra depois, hoje vai ser só nós
dois” @helena_monteiro
@helena_monteiro Nossa musica, amor da minha vida!
Te amo!
Comentei a foto dele
e postei uma também
helena_monteiro E quando o dia acabar, não
quero sair dos seus braços, fica pra sempre aqui, eu te convenço fácil, não
adianta tentar resistir, o amor chegou pra você e pra mim, fica pra sempre aqui @joaocamposoficial
@joaocamposoficial Amor da minha vida, essa
musica é a nossa cara, bem nós dois juntinhos! Vou ficar pra sempre!
Vi o comentário do
João, saí do instagram e dei um beijo nele, será que eu mereço tanto? Obrigada,
meu Deus!. [...] Estávamos escutando a “nossa” musica pela milésima vez, eu
acho, quando o Rodolfo entrou no meu quarto
João: Vish,
chegou quem não faltava- rimos- tás
fazendo o quê aqui?
Rodolfo: Eu vim
pedir a ajuda de vocês pra fazer um negocio- coçou a cabeça, parecia nervoso, lá vem bomba
Helena: Que
negocio é esse?
Rodolfo: Eu acho
quero pedir a Karlyze em namoro logo, parece que eu tô me apaixonando por ela
Letícia: Como é
que é?- entrou no quarto e o João me
olhou
João: Agora deu
merda mesmo
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