17 de agosto de 2014,
São Paulo, Brasil
Depois de dois dias
internada, finalmente, o medico resolveu assinar minha alta, daqui, saio direto
para o aeroporto, não vejo a hora de chegar em Recife, eu sinto necessidade de
tantos abraços, sinto necessidade de pedir desculpa á tantas pessoas, eu sei
que Deus me deu uma nova oportunidade, uma nova chance, mas não me conformo que
meus companheiros não tenham tido a mesma chance que eu, porque eles se foram?
Essa é a pergunta que tenho me feito todos os dias, não sei como vai ser
aprender á conviver com a ausência deles, ainda não consegui assistir
televisão, acessar as redes sociais? Nem pensar, eu tenho medo, medo do que me
espera, medo do que me aguarda, não a opinião das pessoas sobre a tragédia,
quero deixar pra saber sobre esse assunto, apenas, quando já estiver em Recife,
lá, tenho certeza que a saudade vai aumentar ainda mais, todos os cantos do
Pernambuco carregam uma lembrança de Eduardo, daquele que tinha um sorriso
lindo e uma alma repleta de sonhos, me sinto grata por ter sido escolhida para
fazer parte da luta pela realização de todos eles. Estou me preparando para
receber a visita de Paulo Câmara e de Geraldo Júlio, duas pessoas maravilhosas
que Deus colocou no meu caminho, primeiras pessoas, depois dos meus pais, que
eu vou ver e ter algum tipo de contato após a tragédia
Monise: Filha- abriu a porta do meu quarto e colocou
apenas a cabeça para dentro- Eles já podem entrar?
Helena: Claro que
podem, mainha- ri fraco- Deixa eles
entrarem logo!- minha mãe sorriu, logo a
porta se abriu de vez, logo Geraldo, Paulo e meu pai adentraram pela mesma, meu
pai se aproximou da cama dando um beijo na minha testa
Mauro: Conseguiu
dormir melhor essa noite, pequena?- fez
carinho no meu cabelo
Helena: Acho que
sim, painho, as dores estão diminuindo, o medico falou que é normal, tudo vai
voltando ao normal, né?- tentei falar
isso pra mim mesma, apesar de saber que, talvez, minha vida nunca voltará ao
normal, até porque, nem sei se isso é possível
Paulo: Ô minha
pequena, a gente consegue se alegrar em meio á tudo isso por saber que, pelo
menos, você permaneceu com a gente, por saber que você continua aqui!- ele se aproximou de mim e fez carinho no
meu cabelo, escutar a voz de Paulo já foi o suficiente pra me fazer chorar
Helena: Ás vezes,
eu preferia ter ido junto com eles, tá sendo tão complicado me conformar com
tudo isso, Paulo, tão difícil!
Geraldo: Não fale
isso nem brincando, Deus te deu uma nova oportunidade, você tem que agradecer e
aproveitar bastante, você tá viva, Helena, só isso que deve importar agora e
nada mais!- segurou minha mão fazendo
carinho na mesma
Monise: Eu já
falei pra ela parar com essas bobagens, ninguém foi culpado pelo que aconteceu,
foram os planos de Deus e você precisa entender isso, Helena, precisa parar de
se queixar e aproveitar a chance que você está tendo, minha filha!
Helena: Eu sei,
gente, desculpa, mas é que muito complicado, vocês sabem o quanto eu era
apegada á Eduardo e á Percol, na verdade, eu era apegada á todos eles, mas
esses dois tinham um carinho tão enorme por mim, me tratavam com uma filha, tá
sendo difícil saber que eles não estão mais entre a gente, muito difícil mesmo!
Paulo: Está sendo difícil pra todos nós,
Helena, mas é momento de juntarmos as forças e nos ajudarmos, portanto, nós não
queremos que você fraqueje, queremos te ver firme e forte, porque sabemos a
quantidade de batalhas que você tem pela frente!
Helena: Só de
saber que eu vou poder contar com vocês eu já me sinto mais forte, visse? Obrigada
por terem vindo me visitar- eles
sorriram- Quando vão liberar os corpos? Alguma previsão?- minha mãe abaixou a cabeça, vi que todos
ficaram nervosos
Geraldo: Vão
liberar os corpos hoje á tarde, Leninha, assim que liberarem, nós vamos
embarcar pro Recife, já tá tudo preparado pro velório
Mauro: Filha, mas
você não vai poder ir ao velório, certo? O medico recomendou repouso e, assim
que chegarmos em Recife você vai direto pra casa!
Helena: É obvio
que não, pai, eu vou pro velório sim, eu preciso me despedir deles, por favor,
não faz isso comigo, eu preciso disso- pedi
chorando descontroladamente, o Paulo me deu um abraço apertado
Paulo: Não chora
assim, eu vou te levar pro velório, vamos ver se o medico permite, ok? Fica calma,
não precisa chorar!- ficou me fazendo
carinhos e, aos poucos eu fui me acalmando, até que o doutor Lucas, médico que
estava cuidando do meu caso, entrou no quarto
Lucas: Vejo que a
minha paciente mais linda recebeu visitas hoje, né?- riu- Bom dia, dona Helena, como a senhorita está se sentindo?
Helena: Bem
melhor, graças á Deus, não senti mais nenhum incomodo no local da cirurgia,
isso é bom?- fiz careta e todos sorriram
Lucas: Isso é
maravilhoso e , você vai ficar ainda melhor quando escutar a noticia que eu
tenho pra te dar- olhou pra minha mãe e
piscou pra mesma
Monise: E qual
seria essa noticia, doutor Lucas?
Helena: Essa até eu
sei- ri- a Michelly- enfermeira responsável por me acompanhar- me
falou ontem á noite que o doutor Lucas vai assinar minha alta hoje!
Lucas: Nossa,
como a Michelly é estraga prazer, né? Tinha nada que ter contado, era pra ser
uma surpresa, mas e aí? Ficou feliz?
Helena: Fiquei
menos triste, vou mesmo poder ir pra casa?
Lucas: Sim,
senhorita, vai poder voltar pra Recife hoje mesmo, está liberadíssima, mas
daqui á uma semana, quero você aqui, pra gente fazer uma revisão e ver quando
podemos marcar a próxima cirurgia, certo?
Helena: Melhor
que nada, né? Passar uma semana sem ter que te ver já vai ser maravilhoso- rimos- Brincadeira doutor, eu só tenho
que agradecer por o senhor ter cuidado tão bem de mim, por ter me acolhido
tanto!- ele riu- Obrigada!
Paulo: Aproveitando
o momento, né? Doutor, eu posso levar a Helena para acompanhar o velório? Vai ser
muito importante pra ela!
Lucas: Eu não
vejo problema algum, desde que seja na cadeira de rodas, ainda não é indicado
que ela ande de muletas, precisamos providenciar a fisioterapia para que ela comece
á se adaptar com a nova realidade, tudo bem pra você, Helena?- olhou-me
Helena: Eu só
quero estar lá, não importa como, eu só preciso me despedir deles!
Lucas: Então, já
que estamos resolvidos, eu vou assinar a alta da minha paciente preferida, pode
começar á arrumar suas coisas, senhorita Helena!- veio depositar um beijo na minha testa- Se cuida e seja muito
forte, tá? Você consegue!- assenti e
beijei a bochecha dele, doutor Lucas se tornou um amigo e tanto pra mim, o que
ele fez, eu jamais vou esquecer
Geraldo: Acho que nós cumprimos a nossa missão, né
Paulo? Viemos buscar a pequena no hospital!- eles dois sorriram e fizeram um toque, eu sorri junto, sempre
brincalhões
Helena: Mãe, você
me ajuda á trocar de roupa?- olhei-a e a
mesma assentiu
Paulo: Acho
melhor a gente sair do quarto pra senhorita ficar mais á vontade, né?- eles riram e saíram do quarto, eu troquei
de roupa com a ajuda da minha mãe
Monise: Consegue prender o cabelo sozinha ou quer que
eu prenda?
Helena: Faz uma
trança? Meu cabelo tá muito bagunçado, não vejo a hora de poder lavá-lo- fiz careta e ela riu
Monise: Posso
chamar seu pai?- perguntou assim que
terminou de prender meu cabelo, eu assenti, ela chamou meu pai, logo ele, Paulo
e Geraldo entraram no quarto, meu pai entrou empurrando uma cadeira de rodas
Mauro: Preparada
pra sair daqui, pequena?- olhei pra
cadeira, minha nova realidade, respirei fundo e assenti, meu pai me pegou no
colo e colocou-me sentada na cadeira, foi impossível conter minhas lagrimas
Geraldo: Daqui
pra frente, é vida nova, qual você quer que seja o seu primeiro passo?- fez carinho no meu ombro
Helena: Comer,
porque eu não suporto mais comida de hospital- eles riram- E, acho que mereço um celular novo, né painho?
Paulo: Isso ele
não vai precisar fazer, antes de vir pra cá, eu quis comprar um presente pra
você e, resolvi comprar um celular, será que eu fiz bem?
Helena: Cê fez
bem até demais, visse? Preciso me atualizar do mundo
Paulo: Tá lá no
carro o celular, conseguimos até por o teu numero antigo no chip novo, porque
eu e Geraldo somos demais!
Monise: Não
precisava vocês terem se incomodado, gente, meu Deus!- falou todo tímida, saímos do hospital e fomos pro estacionamento
Michelly: Ia
embora sem se despedir de mim, Leninha?- me
deu um pequeno susto e eu sorri
Helena: É obvio
que não, já ia perguntar por você e pelo chato anjo do doutor Lucas!
Lucas: Me
caluniando pelas costas outra vez, senhorita?- eu pus as duas mãos na boca e sorri- Mesmo você sendo mal
agradecida, eu comprei uma lembrancinha pra você!- me entregou uma caixa de bombons
Helena: Não
precisa, Lucas, meu Deus, que amor, você é um fofo!
Michelly: Ele só
é fofo com quem ele quer, portanto, se sinta muito honrada por isso, viu?- rimos
Lucas: Isso
mesmo, muito honrada!
Helena: Como
vocês são chatos, credo!- eles riram, me
despedi dos dois, agradeci por tudo que eles fizeram por mim, meu pai me
colocou no carro, Paulo me entregou o celular- Uau, ganhei um iphone 5s, tô
podendo!- ri- Obrigada!
Geraldo: Agora,
vamos alimentar essa moça, né?- eu ri,
resolvemos ir almoçar no Paris 6 e assim fizemos, no caminho eu restaurei
minhas fotos, aproveitei pra escrever algo sobre Eduardo e sobre o acidente, eu
precisava desabafar, expor o que eu estava sentindo, acho que essa seria a
melhor forma, então comecei á escrever
-P.O.V João-
Já faz dois dias que
estamos á espera dos corpos do acidente, é uma espera que não tem fim, algo
torturador, não suporto mais ver o sofrimento dos meus irmãos, os corpos chegam
hoje, acabei de falar com Paulo pelo whatsapp ele disse que a Helena acabou de
ter alta do hospital, fiquei feliz por ela, é uma menina tão jovem, meu pai era
encantado por ela, na verdade, toda a nossa família é encantada por ela, tive
meus pensamentos interrompidos pela Cristina, esposa do Geraldo, sentando ao
meu lado no sofá da sala de nossa casa
Cristina: Posso
saber por onde anda essa cabecinha?- alisou
meu ombro
João: Na verdade,
nem eu sei, pensando na vida, em como tudo era antes e em como tudo vai ser
agora, na saudade que ele deixou- não
consegui segurar minhas lagrimas- Cadê mainha?
Cristina: Sua mãe
está no quarto, descansando, vai descansar também, hoje a nossa noite vai ser
longa!- assenti, ela levantou do sofá,
peguei meu celular e, logo o Pedro sentou o meu lado
Pedro: Você
precisa ler o que acabaram de postar, acho que de todos os textos que nós já
lemos esse foi o que mais me tocou, olha isso!- me entregou o celular, estava aberto em uma postagem do instagram feita
pela Helena
helena_monteiro “Seu Mauro, eu quero que sua
filha trabalhe comigo, visse?” Foi mais ou menos assim que a nossa historia
começou, falo a nossa historia profissional, pois a nossa historia de vida vem
de muito antes disso, tínhamos muita historia juntos e ainda tínhamos tanta
historia pra construir, é Eduardo, Dudu, eu não consegui acreditar que você se
foi ainda, eu sei que são planos de Deus, mas ainda não consegui entender esse
plano, porque logo você? Porque logo vocês? Tenho me feito essa pergunta todos
os dias, não é fácil aceitar, não dá pra compreender, mas sei que terei que me
conformar com tanta ausência, com tanta saudade, com tanta dor, com essa falta
imensa que vocês vão me fazer. Já sinto saudade das viagens, naquele mesmo que
me tirou vocês, já sinto saudade das nossas risadas, já sinto saudade de nossos
chefe perguntando qual seria a nossa agenda do dia, já sinto saudade de vocês,
é só um pesadelo ou vocês se foram mesmo? Alguém me acorda, por favor, me faz
voltar pro dia em que nossa equipe foi “formada” lá no Palácio do Campo das
Princesas (dia em que essa foto foi tirada), me faz voltar pra quando eu tinha
vocês e a gente sonhava juntos, a gente praticamente respirava juntos, era uma
cumplicidade sem igual, imagino a bagunça que vocês estão fazendo aí encima,
sei que estão sentindo falta da única mulher da turma pra colocar moral, né? Mas
a vida tem dessas coisas e, quando falávamos sobre aproveitar até o ultimo
segundo, estávamos falando de nós mesmos, fomos intensos e sorrimos até o
ultimo segundo, até o fim, que vai dar lugar ao recomeço, até os setes sorrisos
que morreram pra se eternizarem, a minha
saudade só não é maior que a minha gratidão á Deus por ter tido vocês na minha
vida, obrigada e fiquem em paz, eu sei que vocês são por mim assim como eu,
sempre, serei por vocês! Com muito amor e saudade, a Leninha de vocês!
-P.O.V Helena-
@augustamcarneiro Sem palavras pra você, que
vontade de te abraçar, vem logo pra cá!
@marina_silva Não há o que falar, apenas
sentir, fica firme e seja forte!
@userf @carladias Esse é o instagram da
sobrevivente do acidente, olha que texto lindo, pqp
@felipecarreras Força, Leninha!
@ceciliaramos TE AMO, LENINHA!
Nem li os outros
comentários, devolvi o celular á Pedro e subi pra descansar um pouco.
Acabei de desembarcar
em Recife, cheguei um pouquinho antes dos corpos, vamos direto para o Palácio
onde acontecerá o velório, eu espero estar preparada, já estava nos braços do
meu pai pra entrar no carro quando escutamos uma voz
Xxxx: Não é justo
chegar e não me dar logo um abraço,
visse?
Meu Deus tu conseguiu me emocionar.. Olha qe e dificio, nunca li fic sem ser do Juninho, estou lendo pela primeira vez ii estou sendo surpreendida.. Esta Lindo Ju.. Continua Por Favor ❤
ResponderExcluirCap Pft. Juu chorei agr visse? Contt Logoo
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