sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Capítulo 1- Saída do hospital + Chegada á Recife

17 de agosto de 2014, São Paulo, Brasil
Depois de dois dias internada, finalmente, o medico resolveu assinar minha alta, daqui, saio direto para o aeroporto, não vejo a hora de chegar em Recife, eu sinto necessidade de tantos abraços, sinto necessidade de pedir desculpa á tantas pessoas, eu sei que Deus me deu uma nova oportunidade, uma nova chance, mas não me conformo que meus companheiros não tenham tido a mesma chance que eu, porque eles se foram? Essa é a pergunta que tenho me feito todos os dias, não sei como vai ser aprender á conviver com a ausência deles, ainda não consegui assistir televisão, acessar as redes sociais? Nem pensar, eu tenho medo, medo do que me espera, medo do que me aguarda, não a opinião das pessoas sobre a tragédia, quero deixar pra saber sobre esse assunto, apenas, quando já estiver em Recife, lá, tenho certeza que a saudade vai aumentar ainda mais, todos os cantos do Pernambuco carregam uma lembrança de Eduardo, daquele que tinha um sorriso lindo e uma alma repleta de sonhos, me sinto grata por ter sido escolhida para fazer parte da luta pela realização de todos eles. Estou me preparando para receber a visita de Paulo Câmara e de Geraldo Júlio, duas pessoas maravilhosas que Deus colocou no meu caminho, primeiras pessoas, depois dos meus pais, que eu vou ver e ter algum tipo de contato após a tragédia
Monise: Filha- abriu a porta do meu quarto e colocou apenas a cabeça para dentro- Eles já podem entrar?
Helena: Claro que podem, mainha- ri fraco- Deixa eles entrarem logo!- minha mãe sorriu, logo a porta se abriu de vez, logo Geraldo, Paulo e meu pai adentraram pela mesma, meu pai se aproximou da cama dando um beijo na minha testa
Mauro: Conseguiu dormir melhor essa noite, pequena?- fez carinho no meu cabelo
Helena: Acho que sim, painho, as dores estão diminuindo, o medico falou que é normal, tudo vai voltando ao normal, né?- tentei falar isso pra mim mesma, apesar de saber que, talvez, minha vida nunca voltará ao normal, até porque, nem sei se isso é possível
Paulo: Ô minha pequena, a gente consegue se alegrar em meio á tudo isso por saber que, pelo menos, você permaneceu com a gente, por saber que você continua aqui!- ele se aproximou de mim e fez carinho no meu cabelo, escutar a voz de Paulo já foi o suficiente pra me fazer chorar
Helena: Ás vezes, eu preferia ter ido junto com eles, tá sendo tão complicado me conformar com tudo isso, Paulo, tão difícil!
Geraldo: Não fale isso nem brincando, Deus te deu uma nova oportunidade, você tem que agradecer e aproveitar bastante, você tá viva, Helena, só isso que deve importar agora e nada mais!- segurou minha mão fazendo carinho na mesma
Monise: Eu já falei pra ela parar com essas bobagens, ninguém foi culpado pelo que aconteceu, foram os planos de Deus e você precisa entender isso, Helena, precisa parar de se queixar e aproveitar a chance que você está tendo, minha filha!
Helena: Eu sei, gente, desculpa, mas é que muito complicado, vocês sabem o quanto eu era apegada á Eduardo e á Percol, na verdade, eu era apegada á todos eles, mas esses dois tinham um carinho tão enorme por mim, me tratavam com uma filha, tá sendo difícil saber que eles não estão mais entre a gente, muito difícil mesmo!
 Paulo: Está sendo difícil pra todos nós, Helena, mas é momento de juntarmos as forças e nos ajudarmos, portanto, nós não queremos que você fraqueje, queremos te ver firme e forte, porque sabemos a quantidade de batalhas que você tem pela frente!
Helena: Só de saber que eu vou poder contar com vocês eu já me sinto mais forte, visse? Obrigada por terem vindo me visitar- eles sorriram- Quando vão liberar os corpos? Alguma previsão?- minha mãe abaixou a cabeça, vi que todos ficaram nervosos
Geraldo: Vão liberar os corpos hoje á tarde, Leninha, assim que liberarem, nós vamos embarcar pro Recife, já tá tudo preparado pro velório
Mauro: Filha, mas você não vai poder ir ao velório, certo? O medico recomendou repouso e, assim que chegarmos em Recife você vai direto pra casa!
Helena: É obvio que não, pai, eu vou pro velório sim, eu preciso me despedir deles, por favor, não faz isso comigo, eu preciso disso- pedi chorando descontroladamente, o Paulo me deu um abraço apertado
Paulo: Não chora assim, eu vou te levar pro velório, vamos ver se o medico permite, ok? Fica calma, não precisa chorar!- ficou me fazendo carinhos e, aos poucos eu fui me acalmando, até que o doutor Lucas, médico que estava cuidando do meu caso, entrou no quarto
Lucas: Vejo que a minha paciente mais linda recebeu visitas hoje, né?- riu- Bom dia, dona Helena, como a senhorita está se sentindo?
Helena: Bem melhor, graças á Deus, não senti mais nenhum incomodo no local da cirurgia, isso é bom?- fiz careta e todos sorriram
Lucas: Isso é maravilhoso e , você vai ficar ainda melhor quando escutar a noticia que eu tenho pra te dar- olhou pra minha mãe e piscou pra mesma
Monise: E qual seria essa noticia, doutor Lucas?
Helena: Essa até eu sei- ri- a Michelly- enfermeira responsável por me acompanhar- me falou ontem á noite que o doutor Lucas vai assinar minha alta hoje!
Lucas: Nossa, como a Michelly é estraga prazer, né? Tinha nada que ter contado, era pra ser uma surpresa, mas e aí? Ficou feliz?
Helena: Fiquei menos triste, vou mesmo poder ir pra casa?
Lucas: Sim, senhorita, vai poder voltar pra Recife hoje mesmo, está liberadíssima, mas daqui á uma semana, quero você aqui, pra gente fazer uma revisão e ver quando podemos marcar a próxima cirurgia, certo?
Helena: Melhor que nada, né? Passar uma semana sem ter que te ver já vai ser maravilhoso- rimos- Brincadeira doutor, eu só tenho que agradecer por o senhor ter cuidado tão bem de mim, por ter me acolhido tanto!- ele riu- Obrigada!
Paulo: Aproveitando o momento, né? Doutor, eu posso levar a Helena para acompanhar o velório? Vai ser muito importante pra ela!
Lucas: Eu não vejo problema algum, desde que seja na cadeira de rodas, ainda não é indicado que ela ande de muletas, precisamos providenciar a fisioterapia para que ela comece á se adaptar com a nova realidade, tudo bem pra você, Helena?- olhou-me
Helena: Eu só quero estar lá, não importa como, eu só preciso me despedir deles!
Lucas: Então, já que estamos resolvidos, eu vou assinar a alta da minha paciente preferida, pode começar á arrumar suas coisas, senhorita Helena!- veio depositar um beijo na minha testa- Se cuida e seja muito forte, tá? Você consegue!- assenti e beijei a bochecha dele, doutor Lucas se tornou um amigo e tanto pra mim, o que ele fez, eu jamais vou esquecer
Geraldo:  Acho que nós cumprimos a nossa missão, né Paulo? Viemos buscar a pequena no hospital!- eles dois sorriram e fizeram um toque, eu sorri junto, sempre brincalhões
Helena: Mãe, você me ajuda á trocar de roupa?- olhei-a e a mesma assentiu
Paulo: Acho melhor a gente sair do quarto pra senhorita ficar mais á vontade, né?- eles riram e saíram do quarto, eu troquei de roupa com a ajuda da minha mãe
Monise:  Consegue prender o cabelo sozinha ou quer que eu prenda?
Helena: Faz uma trança? Meu cabelo tá muito bagunçado, não vejo a hora de poder lavá-lo- fiz careta e ela riu
Monise: Posso chamar seu pai?- perguntou assim que terminou de prender meu cabelo, eu assenti, ela chamou meu pai, logo ele, Paulo e Geraldo entraram no quarto, meu pai entrou empurrando uma cadeira de rodas
Mauro: Preparada pra sair daqui, pequena?- olhei pra cadeira, minha nova realidade, respirei fundo e assenti, meu pai me pegou no colo e colocou-me sentada na cadeira, foi impossível conter minhas lagrimas
Geraldo: Daqui pra frente, é vida nova, qual você quer que seja o seu primeiro passo?- fez carinho no meu ombro
Helena: Comer, porque eu não suporto mais comida de hospital- eles riram- E, acho que mereço um celular novo, né painho?
Paulo: Isso ele não vai precisar fazer, antes de vir pra cá, eu quis comprar um presente pra você e, resolvi comprar um celular, será que eu fiz bem?
Helena: Cê fez bem até demais, visse? Preciso me atualizar do mundo
Paulo: Tá lá no carro o celular, conseguimos até por o teu numero antigo no chip novo, porque eu e Geraldo somos demais!
Monise: Não precisava vocês terem se incomodado, gente, meu Deus!- falou todo tímida, saímos do hospital e fomos pro estacionamento
Michelly: Ia embora sem se despedir de mim, Leninha?- me deu um pequeno susto e eu sorri
Helena: É obvio que não, já ia perguntar por você e pelo chato anjo do doutor Lucas!
Lucas: Me caluniando pelas costas outra vez, senhorita?- eu pus as duas mãos na boca e sorri- Mesmo você sendo mal agradecida, eu comprei uma lembrancinha pra você!- me entregou uma caixa de bombons
Helena: Não precisa, Lucas, meu Deus, que amor, você é um fofo!
Michelly: Ele só é fofo com quem ele quer, portanto, se sinta muito honrada por isso, viu?- rimos
Lucas: Isso mesmo, muito honrada!
Helena: Como vocês são chatos, credo!- eles riram, me despedi dos dois, agradeci por tudo que eles fizeram por mim, meu pai me colocou no carro, Paulo me entregou o celular- Uau, ganhei um iphone 5s, tô podendo!- ri- Obrigada!
Geraldo: Agora, vamos alimentar essa moça, né?- eu ri, resolvemos ir almoçar no Paris 6 e assim fizemos, no caminho eu restaurei minhas fotos, aproveitei pra escrever algo sobre Eduardo e sobre o acidente, eu precisava desabafar, expor o que eu estava sentindo, acho que essa seria a melhor forma, então comecei á escrever
-P.O.V João-
Já faz dois dias que estamos á espera dos corpos do acidente, é uma espera que não tem fim, algo torturador, não suporto mais ver o sofrimento dos meus irmãos, os corpos chegam hoje, acabei de falar com Paulo pelo whatsapp ele disse que a Helena acabou de ter alta do hospital, fiquei feliz por ela, é uma menina tão jovem, meu pai era encantado por ela, na verdade, toda a nossa família é encantada por ela, tive meus pensamentos interrompidos pela Cristina, esposa do Geraldo, sentando ao meu lado no sofá da sala de nossa casa
Cristina: Posso saber por onde anda essa cabecinha?- alisou meu ombro
João: Na verdade, nem eu sei, pensando na vida, em como tudo era antes e em como tudo vai ser agora, na saudade que ele deixou- não consegui segurar minhas lagrimas- Cadê mainha?
Cristina: Sua mãe está no quarto, descansando, vai descansar também, hoje a nossa noite vai ser longa!- assenti, ela levantou do sofá, peguei meu celular e, logo o Pedro sentou o meu lado
Pedro: Você precisa ler o que acabaram de postar, acho que de todos os textos que nós já lemos esse foi o que mais me tocou, olha isso!- me entregou o celular, estava aberto em uma postagem do instagram feita pela Helena


helena_monteiro “Seu Mauro, eu quero que sua filha trabalhe comigo, visse?” Foi mais ou menos assim que a nossa historia começou, falo a nossa historia profissional, pois a nossa historia de vida vem de muito antes disso, tínhamos muita historia juntos e ainda tínhamos tanta historia pra construir, é Eduardo, Dudu, eu não consegui acreditar que você se foi ainda, eu sei que são planos de Deus, mas ainda não consegui entender esse plano, porque logo você? Porque logo vocês? Tenho me feito essa pergunta todos os dias, não é fácil aceitar, não dá pra compreender, mas sei que terei que me conformar com tanta ausência, com tanta saudade, com tanta dor, com essa falta imensa que vocês vão me fazer. Já sinto saudade das viagens, naquele mesmo que me tirou vocês, já sinto saudade das nossas risadas, já sinto saudade de nossos chefe perguntando qual seria a nossa agenda do dia, já sinto saudade de vocês, é só um pesadelo ou vocês se foram mesmo? Alguém me acorda, por favor, me faz voltar pro dia em que nossa equipe foi “formada” lá no Palácio do Campo das Princesas (dia em que essa foto foi tirada), me faz voltar pra quando eu tinha vocês e a gente sonhava juntos, a gente praticamente respirava juntos, era uma cumplicidade sem igual, imagino a bagunça que vocês estão fazendo aí encima, sei que estão sentindo falta da única mulher da turma pra colocar moral, né? Mas a vida tem dessas coisas e, quando falávamos sobre aproveitar até o ultimo segundo, estávamos falando de nós mesmos, fomos intensos e sorrimos até o ultimo segundo, até o fim, que vai dar lugar ao recomeço, até os setes sorrisos  que morreram pra se eternizarem, a minha saudade só não é maior que a minha gratidão á Deus por ter tido vocês na minha vida, obrigada e fiquem em paz, eu sei que vocês são por mim assim como eu, sempre, serei por vocês! Com muito amor e saudade, a Leninha de vocês!
@augustamcarneiro Sem palavras pra você, que vontade de te abraçar, vem logo pra cá!

@marina_silva Não há o que falar, apenas sentir, fica firme e seja forte!

@userf @carladias Esse é o instagram da sobrevivente do acidente, olha que texto lindo, pqp

@felipecarreras Força, Leninha!

@ceciliaramos TE AMO, LENINHA!

Nem li os outros comentários, devolvi o celular á Pedro e subi pra descansar um pouco.
-P.O.V Helena-
Acabei de desembarcar em Recife, cheguei um pouquinho antes dos corpos, vamos direto para o Palácio onde acontecerá o velório, eu espero estar preparada, já estava nos braços do meu pai pra entrar no carro quando escutamos uma voz
Xxxx: Não é justo chegar e  não me dar logo um abraço, visse?




2 comentários:

  1. Meu Deus tu conseguiu me emocionar.. Olha qe e dificio, nunca li fic sem ser do Juninho, estou lendo pela primeira vez ii estou sendo surpreendida.. Esta Lindo Ju.. Continua Por Favor ❤

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  2. Cap Pft. Juu chorei agr visse? Contt Logoo

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