Capítulo 58- "A gente tava indo tão bem!"

De inicio, o Rodolfo não esboçou nenhuma reação, o que me causou pânico, medo, espanto, esperava que ele fosse, pelo menos, surtar como eu tô á ponto de fazer

Rodolfo: Quando tu descobriu?- aleluia! Finalmente, se pronunciou

Letícia: Faz alguns dias já, eu tava com medo de te contar, sei que não estava nos nossos planos e entendo se você não quiser assumir, não quiser mais ficar comigo- as lagrimas que eu estava segurando, até agora, começaram á rolar pelo meu rosto

Rodolfo: Já fez os exames pra saber se tá tudo certinho?

Letícia: Ainda não, mas já marquei com a ginecologista da Helena, a primeira consulta do pré-natal é amanhã, por isso tô te contando logo, claro você queira me acompanhar- dei ombros

Rodolfo: Amor, pare de chorar- deu um sorrisinho torto, eu soltei um suspiro aliviado- um filho é uma benção, é um sinal que o nosso amor é tão grande que precisou transbordar, não precisa ter medo, eu tô com vocês- eu ri em meio ás minhas lagrimas, ele colocou a mão sobre a minha barriga

Letícia: A gente ainda tá começando a nossa vida juntos, mas nós vamos conseguir, amor

Rodolfo: Eu tenho certeza que sim, meu amor, nós vamos dar um jeitinho em tudo- rimos, ele colou nossos rostos e deu-me um beijo rápido- eu te amo demais, brigado por esse presente que tás me dando!

Letícia: A gente é que precisa te agradecer, painho, por ter escolhido ficar do nosso lado- acariciei minha barriga e ele riu- que foi, bobo?

Rodolfo: Tô imaginando aqui como a galera vai reagir quando descobrir que nós vamos ser papais- deu ombros- Helena já sabe de tudo, né?

Letícia: Primeira pessoa á saber, desde o inicio

Rodolfo: Ás vezes tenho uma invejinha de Helena, tu sempre conta tudo pra ela, eu sou tua segunda opção- existe mais bobo?

Letícia: Amor, isso nem é verdade, nesse caso, Helena foi a primeira á saber porque eu fiquei desesperada, não sabia como ia fazer pra te contar, só isso- dei ombros

Rodolfo: Essa eu vou deixar passar, foi uma boa justificativa, mainha esperta- brincou com meu nariz- qual o horário da consulta amanhã? Quero ir com vocês, escutar o coraçãozinho da nossa sementinha bater

Letícia: Vai ser amanhã pela manhã, será que tem como você ir- mordi o lábio

Rodolfo: Eu vou dar meu jeito de ir, pode ficar tranquila, visse? Só me avisa o horário certinho e o local- assenti. Foi um alivio enorme contar pro Rodolfo e ele ter aceitado tão bem a gravidez, saber que ele optou por ficar, mesmo tendo a opção de ir, me fez ter, ainda mais, certeza que ele é a minha melhor escolha, o cara certo pra ser o pai desse filho e de outros que ainda virão.

-P.O.V João-

A Helena foi pro quarto com a desculpa que iria tomar banho. Eu almocei, liguei pra minha mãe, avisei que havia me machucado, mas que já estava em casa, em seguida, deixei o celular de lado, levantei com um pouco de dificuldade, peguei a bandeja e fui mancando até a cozinha, lavei o que sujei, coloquei no escorredor e fui pro quarto

Helena: João, tás maluco? Eu já tava indo te ajudar- saiu do closet, já vestida, veio ao meu encontro e ajudou-me á sentar na cama- quer deitar ou tomar logo um banho?

João: Vou tomar banho logo, mas acho que consigo fazer isso sozinho

Helena: Certeza?- arqueou a sobrancelha, eu assenti- tome cuidado, visse? Eu vou separar logo uma roupa pra tu- caminhou em direção ao closet

João: Helena?

Helena: Diga!- virou-se na minha direção, encarou-me, mas permaneceu no mesmo lugar em que estava

João: Tá tudo bem? Tô te achando estranha

Helena: Tá tudo ótimo, João- falou entediada- vá tomar banho logo, não ouvi o que o médico falou pra tu, mas posso supor que ele recomendou repouso, né?

João: É, recomendou sim- falei um pouco sem graça- pediu que, pelo menos hoje, eu evitasse ficar pisando o pé no chão, pra não forçar muito

Helena: Então, nesse caso, acho melhor que eu te ajude á tomar banho- aproximou-se, estendeu a mão pra mim, ajudou-me á levantar, fomos ao banheiro e ela soltou-me- tive uma ideia

João: Que ideia?- falei enquanto me apoiava na pancada da pia, a dor estava começando á me incomodar

Helena: Vou pegar um banquinho pra tu sentar, é melhor tomar banho sentado- saiu do banheiro e logo voltou com um dos banquinhos, do balcão da cozinha, colocando o mesmo dentro do box- prontinho, agora já pode tomar banho!

João: Brigado!- comecei á me despir, não conseguia parar de encará-la, sabia que algo estava incomodando Helena, só não conseguia entender o quê

Helena: Tás me agradecendo por quê? Somos noivos, moramos juntos, tô fazendo minha obrigação, ou tu acha que eu seria capaz de te deixar fazendo tudo sozinho estando machucado?

João: Tua obrigação?- revirou os olhos, ajudou-me á sentar na cadeira e, praticamente, deu banho em mim- Helena, dá pra tu conversar comigo? Fala o que tá acontecendo

Helena: Não dá pra conversar, João, porque não tem o que conversar- pegou minha toalha, entregou-me a mesma, enrolei-me, saí do box e fui mancando em direção ao closet, Helena entrou no mesmo, logo depois de mim- deixa que eu pego tua roupa, volte pro quarto e sente na cama

João: Não, Helena, eu não vou sair daqui enquanto a gente não conversar- cruzei os braços

Helena: João, dá pra parar de ser infantil? É pro teu bem!

João: Sabe o que seria o meu bem?- encarou-me- que tu se abrisse comigo, afinal, somos noivos, seria legal que a gente conversasse pra resolver os nossos problemas, as nossas questões

Helena: Quer conversar? A gente conversa, mas larga de ser teimoso, faz o que eu tô pedindo

João: Tá, eu vou- dei-me por vencido, saí do closet, sentei-me na cama e logo ela apareceu, ajudou-me á vestir uma cueca e uma bermuda

Helena: Tu já comprasse os remédios que o médico passou?- neguei- pois me diga onde tá a receita, eu vou comprar logo

João: Eu acho que esqueci no carro de Alicia- fiz careta

Helena: Que ótimo! Então, peça á ela que compre e venha deixar aqui- saiu do quarto e eu entendi tudo, ela tá com ciúmes da Alicia, só pode ser isso

João: Ô Helena, vem aqui!- falei um pouco mais alto e já fui logo levantando da cama

Helena: João, me deixa quieta só um pouquinho, visse?- tarde demais, eu já estava na sala, encarando-a, ela sentada no sofá, com os braços abraçando as pernas e o queixou apoiado nos joelhos- que tu quer?

João: Eu quero que tu me  diga o porque tás assim- sentei-me ao lado dela, ia tocar seu rosto, só que ela foi mais rápida que eu e me impediu que eu fizesse isso

Helena: Tá João, quer que eu fale, vou falar- virou-se de frente pra mim- eu fiquei incomodada de tu ter trago a Alicia pra dentro da nossa casa, tu sabe que ela não gosta de mim e é uma das muitas pessoas que pensa que eu não sirvo pra tu

João: Meu amor, mais eu não fiz por mal, foi tudo muito rápido, eu me machuquei e ela se propôs á me ajudar, só isso

Helena: Eu perguntei se tu precisava que eu fosse pro hospital, tu falou que não, João, eu poderia ter ido te ajudar, eu sou tua noiva- falou um pouco alterada- mais não, preferiu que a Alicia te ajudasse, no mínimo, deve pensar como ela, que eu não sirvo nem pra te acompanhar, no hospital, quando tu se machuca, então, pra quê casar?

João: Eu pensei que a gente já tinha passado dessa fase, Helena, pelo amor de Deus!

Helena: Eu também pensei, João, mas acontece que a gente não passou dessa fase e, pelo visto, nem vamos passar. Tu me enxerga como uma pessoa incapaz, indefesa e eu não sou assim

João: Eu nunca te enxerguei assim, Helena, deixa de besteira

Helena: Sério que não me vê assim?- assenti- é uma pena que as tuas atitudes mostram, completamente, o contrario do que tu diz!

João: Helena, minha cabeça tá explodindo, meu pé tá doendo e eu não vou discutir esse assunto que já era pra estar bem resolvido entre nós dois, visse?- levantei do sofá, saí da sala e fui pro quarto, deitei-me na cama, fiquei fitando o teto e comecei á chorar, já haviam me falo que a vida, á dois, é complicada, só não imaginei que seria tanto e olha que Helena e eu ainda nem começamos direito. O pior de tudo, é essa distancia, sabendo que ela tá tão perto de mim e sabendo que ela me consolaria agora, só ela conseguiria me acalmar.

-P.O.V Helena-

João saiu da sala e eu permaneci estática, paralisada, até ser despertada pelo toque do meu celular, atendi no automático, nem vi quem era

-Ligação on-

Helena: Alô?

Xxxx: Amiga, eu tô ligando só pra te contar que já falei pro Rodolfo, ele já sabe que vai ser pai- era a Letícia

Helena: E qual foi a reação dele?

Letícia: Ele tá muito feliz, disse que nós dois vamos conseguir criar o nosso filho, bem juntinhos- sorriu e foi impossível não sorrir também, eu estava feliz pela felicidade dos meus amigos e pela família que eles começaram á construir

Helena: Tu não sabe o quanto isso me deixa feliz, Lelê, eu tenho muito orgulho de vocês e dessa família que vocês estão construindo, podem contar comigo, visse? Pra tudo que vocês precisarem, eu vou tá sempre aqui

Letícia: Tu e João, né? Inclusive, acho que vocês vão ser os padrinhos do nosso filho

Helena: Pode ser, eu e João

Letícia: Helena, tá acontecendo alguma coisa?

Helena: Não amiga, tá tudo bem- engoli o choro- eu posso te ligar depois? Agora, eu tô um pouquinho ocupada

Letícia: Helena, não mente pra mim

Helena: Não tô mentindo, amiga. Eu tô bem!

Letícia: E o João? Rodolfo me mostrou que ele se machucou

Helena: Letícia, vai aproveitar o seu momento, amiga, a gente tá bem, tá todo mundo bem, visse? Beijo, amo vocês!

-Ligação off-

Encerrei a ligação antes que a Letícia fizesse mais alguma pergunta, deixei o celular de lado e deitei-me no sofá. Depois de alguns instantes pensando, resolvi começar á agir, peguei o celular, enviei uma mensagem pro Carlos, ortopedista que é amigo da família e, por sorte, ele que havia atendido o João, pedi que o mesmo me enviasse a receita novamente, assim ele fez, agradeci e encerrei a conversa. Levantei do sofá, entrei no quarto, João estava dormindo, peguei minha bolsa, saí do mesmo, já na sala, peguei a chave do meu carro, o celular, saí do apartamento, tranquei o mesmo, desci pra garagem, entrei no meu carro, coloquei o cinto e dei partida rumo á farmácia.

[...]

Assim que voltei pra casa, eu preparei um jantar rápido e, só agora, ás sete da noite, tô indo acordar o João, que ainda dorme

Helena: João?- acendi a luz do quarto e aproximei-me da cama

João: Que foi?- acordou um pouco assustado, até me tirou um sorriso

Helena: Vim te chamar pra jantar

João: Brigado, mas eu tô sem fome

Helena: Ainda tá sentindo dor?- assentiu- mais um motivo pra jantar, eu comprei teus remédios, só que tu não pode tomar sem se alimentar, né? São todos fortes

João: Depois eu bebo um copo de leite e tomo os remédios, se preocupe não e brigado por ter ido comprar, visse?- riu fraco- me passa o valor depois, eu te pago

Helena: João, deixe de besteira, venha jantar- estendi minha mão pra ele- me pague sendo menos teimoso e me ajudando á te ajudar- segurou minha mão, ajudei-o á levantar, o mesmo apoiou-se em mim, saímos do quarto, fomos pra sala de jantar, onde eu já havia posto a mesa, eu ajudei-o á sentar e sentei-me na cadeira ao lado da dele- espero que esteja bom, foi o que deu pra fazer- dei ombros, nos servimos e começamos á comer

João: Tá uma delícia, Helena, tás cada dia mais craque na cozinha, visse?

Helena: Juro que tô tentando, não dá pra deixar meu noivo morrer de fome- rimos

João: Ei, olhe aqui pra mim- encarei-o- eu te amo muito e se tô contigo é porque sei que, juntos, somos capazes de enfrentarmos qualquer desafio, eu não te acho indefesa e incapaz, muito pelo contrario, me espelho em tu, quero que todos os nossos filhos venham ao mundo com a sua determinação, a sua força, a sua capacidade. Tu é o meu orgulho, meu amor, a gente tava indo tão bem!

Helena: Tá tudo bem, João, não precisa ficar se justificando, a gente pode tentar fazer dar certo

João: A gente sabe que dá certo, Helena, tu e eu sabemos disso, olhe por tudo que a gente já passou, a gente tá junto, para de pensar que o resto importa, por favor, por mim, por meu pai, por Percol, por todo mundo que sempre acreditou no nosso amor

Helena: Hora dos remédios, João- levantei-me, ele segurou  meu braço

João: Tu é a mulher da minha vida e ninguém vai ser capaz de tirar essa certeza de mim, visse? Eu te amo, meu amor!

Helena: Eu amo você!- beijei a pontinha do nariz dele, o mesmo soltou meu braço. Tirei a mesa, coloquei toda a louça suja na pia, peguei os remédios de João, um copo de água e entreguei tudo á ele, fiquei observando o mesmo ingerir os comprimidos- quer deitar agora?

João: Só se tu for deitar comigo, ficar bem agarradinha em mim, me fazendo um chamego

Helena: Tás querendo demais não, meu filho?

João: Tô doente, então, acho que eu posso- gargalhei- não vi graça nenhuma- continuei sorrindo, ele revirou os olhos

Helena: Bora deitar logo, chatinho- ele riu. Ajudei o João á levantar-se, saímos da cozinha, fomos pro nosso quarto e nos deitamos na cama, ele ficou me encarando- nunca viu não, querido?

João: Mais ciumenta que tu? Confesso que ainda não vi, ficasse toda arretada com ciúmes de Alicia

Helena: A gente vai mesmo falar dela? Porque, se for, eu tô fora

João: Não, a gente não vai falar de Alicia, porque nós temos coisas mais interessantes pra fazer

Helena: Interessantes, tipo o quê?

João: Eu quero um chamego, amor, faça só hoje, por favor- eu ri, ganhei um beijo rápido e comecei á fazer carinho na cabeça dele- ô chamego bom, meu Deus- rimos

Helena: Amor, tu vais pra UFPE amanhã?

João: Vou não, o Carlos me deu atestado de uma semana. Por que?

Helena: Pensei em chamarmos tia Renata e teus irmãos pra almoçarem aqui com a gente, o que tu acha?

João: Eu acho que é uma ótima ideia, visse? Que noiva mais maravilhosa essa que eu arranjei pra mim- deu-me um selinho. Nós dois ficamos namorando um pouquinho e combinando o almoço do dia seguinte, depois, optamos por vermos algumas fotos antigas que tínhamos em nossos celulares, pra quê a gente fez isso? Foi choro, na certa!

Helena: Amor, ás vezes, tu também fica se perguntando o por que?

João: Todos os dias eu me pergunto isso, amor, é mais forte que eu, é impossível não questionar o porque

Helena: E o que tu faz pra conseguir aliviar a angustia?

João: Eu olho pra tu- fiquei surpresa- aí eu te enxergo como um presente, tu é um milagre de Deus, amor, e eu preciso ser muito grato pelo fato de nós estarmos juntos, de termos o agora e um futuro pela frente

Helena: Eu te amo muito, vida!- beijei-o

João: Me chamasse de quê?

Helena: Te chamei de vida, porque é isso que tu representa nos meus dias, vontade de viver, VIDA!

João: Que lindo, VIDA!- rimos e nos beijamos rapidamente. João tirou algumas fotos nossas, digitou algo no celular e logo o meu apitou, havia sido marcada, por ele, em uma foto no instagram

joaocamposoficial Essa foto acabou de ser tirada e eu fiquei me questionando se deveria postá-la ou não. Nós dois não tivemos um dia muito fácil hoje, mas os chamegos que tenho recebido, agora, me fazem compreender que, no fim, quando se existe amor, tudo se resolve.

Helena consegue ser turbulência e calmaria, tudo ao mesmo tempo e isso me faz amá-la ainda mais, faz com que eu queira tê-la sempre por perto, sempre ao meu lado. Amor, a gente sabe que, construir uma vida, á dois, não é fácil, mas temos a certeza que, se estamos juntos, a gente pode ir além. Com tu, eu vou muito mais além.

Te amo, VIDA! Brigado por tudo e por tanto!  @helena_monteiro

@cristina40mello Tem como apertar pra curtir essa declaração umas mil vezes? Que lindo, João! O amor de vocês é inspirador! 

@peedrocampos Nunca pensei que fosse te ver tão apaixonado assim, João. Tenho orgulho dessa dupla que vocês formam! 

@fcfamiliacampos Casal mais lindo!

@ceciliaramos Vocês são a prova que o amor ainda existe. Que declaração mais linda, João. Que casal! 

@leticiatavares Eu tô arrepiadaaaaaa! Vocês dois são a minha inspiração!

@helena_monteiro Nem sei dizer o que é mais lindo, essa declaração ou olhar pro meu lado e te ver sorrindo, te ver me confirmando, com um olhar, que tudo o que tá escrito aqui é verdadeiro. Realmente, hoje não foi dos nossos melhores dias, mas a gente conseguiu ir além. Conseguimos hoje e vamos conseguir sempre. Brigada por aceitar ser o meu companheiro de vida, João. Eu amo você, vida e amo muito! 

Helena: Brigada, visse?- deixei o celular de lado e dei um beijo em João

João: Por quê?

Helena: Por tudo, João- ele balançou a cabeça negando

João: Não precisa me agradecer por nada, vida, a gente faz bem um pro outro, isso que importa- rimos- agora, bora dormir? Amanhã é um novo dia e, com toda certeza, vai ser melhor que esse- beijou minha testa. Nós dois rezamos juntos e não demoramos muito pra dormirmos abraçadinhos.